Números destacados na tarde desta segunda-feira na posse do empresário Henrique Bilbao, novo presidente do Blusoft, dão a dimensão do potencial gerador de riqueza do setor de tecnologia em Blumenau, representado pela entidade. Já são cerca de 1,2 mil registros de negócios na área na Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), mais de 10 mil empregos gerados e faturamento anual que passa dos R$ 500 milhões. Como os estudos que levantaram esses dados abrangem apenas uma parte do ecossistema, Bilbao acredita que os volumes reais são ainda maiores, principalmente em receitas geradas.

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Outra estatística divulgada durante a cerimônia que chama a atenção: há, hoje, cerca de mil vagas na área de tecnologia em aberto na cidade. Muitas delas não são ocupadas porque há falta de candidatos com um segundo idioma fluente ou que ainda não têm o nível de capacitação técnica esperado pelas empresas. Não por acaso a necessidade de formação de mão de obra é costumeiramente lembrada pelo setor. O tema mereceu comentário até mesmo do prefeito Mario Hildebrandt, que discursou durante o evento.

A posse de Bilbao foi prestigiada por representantes da prefeitura, empresários de outras cidades da região e até mesmo autoridades das forças de segurança. Uma das presenças mais simbólicas foi a do presidente da Associação Catarinense de Tecnologia (Acate), Daniel Leipnitz, que veio de Florianópolis. Durante muitos anos a relação das entidades locais com a Acate foi um pouco tumultuada. Mas os últimos movimentos revelam que esses tempos já estão no passado.

Há um esforço visível de aproximação entre as partes, que já resultou na formalização de convênios e parcerias e que é fundamental para fazer frente aos desafios e às constantes transformações do segmento. Com uma boa dose de sinceridade, Leipnitz admitiu que reunir tanta gente ligada ao ecossistema de inovação da cidade três anos atrás era algo impensável. Agora, parecem estar todos na mesma página. Bom sinal.

Bilbao vinha sendo preparado para este momento há mais de um ano e assumiu o cargo que até então era ocupado por Joe Lindner. Ele quer buscar maior aproximação com startups e planeja aumentar a base de associados, hoje com apenas 65 empresas. Confira a seguir trechos da entrevista que o novo presidente do Blusoft concedeu à coluna:

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Você falou em seu discurso em acelerar o movimento de desenvolvimento tecnológico de Blumenau. O que pretende fazer?

Já está acontecendo muita coisa, mas elas não andam juntas. Há movimentos paralelos. Nesses três anos em que estou no conselho (do Blusoft), deu de enxergar isso. Antes de assumir o cargo eu fui perguntar para as startups e as empresas de médio porte o que elas achavam do Blusoft. Todo mundo disse que (a entidade) não ajudava muito. Mas que se ajudasse, estariam dentro. Ou seja, todo mundo quer colaborar. A ideia da Blusoft é ser um grande guarda-chuva e fazer as empresas se juntarem.

Essa falta de convergência atrapalhava o desenvolvimento do setor em Blumenau?

Eu acho que não. Só não estava tão acelerado quanto em outras cidades do mundo.

Blumenau se consolidou como polo de informática com as chamadas software houses (empresas que desenvolvem sistemas de gestão empresarial). Que papel as startups terão na sua gestão?

O mesmo de qualquer outra empresa grande. Elas vão poder usufruir do Entra21 (programa que treina jovens para a área de informática) e de programas de mentoria. Estamos tentando trazer aceleradoras de outros lugares do Brasil. Esses caras fazem empresas de cinco, seis funcionários voarem. A nossa gestão quer se aproximar das startups que estão ralando e mostrar programas de capacitação, aceleradoras e fundos de investimento. A gente quer ser um disseminador de conhecimento.

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Há novidades para este ano?

Sim. Um exemplo é uma parceria que fizemos com a Lector, empresa que faz tipo um Facebook corporativo de gestão de conhecimento para você disponibilizar o seu conhecimento para outras pessoas. Também fizemos uma parceria com a Acate. Todos os associados de Blumenau que estão dentro da Acate automaticamente viram associados da Blusoft e vice-versa. Os benefícios que temos aqui poderemos mandar para Florianópolis.

E que benefícios o associado da Blusoft passa a ter com essa aproximação junto à Acate?

Um exemplo bem simples são as verticais. A Acate já trabalha há anos com esse modelo, juntando pessoas dos mesmos setores, organizando reuniões entre concorrentes e parceiros para fomentar entre eles novos negócios. Isso fez Florianópolis crescer do jeito que cresceu. Eles também têm laboratórios como o Link Lab, que também já estamos planejando para trazer para cá. Ainda não há nada assinado, mas há várias conversas.