A prefeitura de Blumenau não diz isso com todas as letras, mas na prática está em curso um plano para dificultar a vida – e pesar o bolso – de quem paga a passagem de ônibus em dinheiro vivo. Na nova tabela de preços do transporte coletivo, que entra em vigor no dia 12 de março, a diferença da tarifa descontada do cartão pré-pago para a quitada na catraca subirá para 50 centavos (R$ 5 na primeira modalidade, R$ 5,50 na segunda). Hoje, ela é de 20 centavos (R$ 4,50 e R$ 4,70, respectivamente).
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Aumentar a distância entre as formas de pagamento – algo que é comum em outras cidades – tem um objetivo que não é mais novidade: estimular a bilhetagem eletrônica. O cartão é o meio preferido do poder público e da Blumob porque é considerado mais seguro, mais eficiente e até mais higiênico. Além disso, a antecipação de receita facilita o planejamento de fluxo de caixa da empresa concessionária. Para o usuário recorrente de ônibus, já não era negócio pagar a passagem em dinheiro. Com a diferença de preço ainda maior, isso faz menos sentido ainda.
Segundo a Secretaria de Trânsito e Transportes (Seterb), cerca de 20% dos passageiros ainda pagam a tarifa em espécie ao cruzar a catraca. O plano é ir reduzindo esse número aos poucos. Para os que não têm cartão e eventualmente usarem o sistema, um pagamento via PIX por meio de leitura de um QR Code poderia resolver o problema – essa sugestão é da coluna. Por outro lado, eliminar completamente o dinheiro vivo poderia ser um entrave para o usuário de ocasião que não tem um smartphone ou é pouco afeito à tecnologia. Esse perfil ainda existe.
Desestimular o pagamento físico ajudaria ainda a abrir caminho para extinguir a função de cobrador, ao menos em algumas linhas de menor movimento. Esse profissional representa pouco mais de 90 centavos no custo da tarifa. Quem defende a ideia, simpática aos olhos da prefeitura, prega que se trata de uma despesa significativa, que deixaria de incidir no sistema e, por isso, poderia resultar em redução no preço da passagem.
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Por outro lado, os agentes de bordo, como são tratados esses trabalhadores pelo sindicato que que representa a categoria, ajudam no fluxo interno de passageiros e da própria viagem, sinalizando ao motorista que o ônibus está liberado para partir depois de uma parada. Por isso, a presença deles pode continuar sendo necessária em algumas linhas e horários de pico.
Este é um debate, porém, que ficará mais para frente. Enquanto essa discussão não se aprofunda, Blumenau vai aos poucos fechando o cerco ao pagamento em dinheiro nos ônibus.
Aliás
O vereador Emannuel Tuca Santos (Novo) não integra a base do governo Mário Hildebrandt (Podemos) na Câmara de Blumenau, mas pode acabar quebrando um galho para o Executivo. Ele é o autor do projeto que revoga a lei municipal que exige dois profissionais dentro dos ônibus – e que por isso mesmo garante a presença do cobrador. A regra precisaria cair para a discussão sobre a extinção da função seguir adiante.
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