Mapeado em um relatório da Agir, agência reguladora que fiscaliza o contrato de concessão, o aumento nos custos do transporte coletivo de Blumenau – puxado principalmente pela climatização de parte da frota e oferta de mais horários – sinalizava para um reajuste na passagem de ônibus em 2024. Mas a prefeitura preferiu matar no peito o crescimento dos gastos em vez de repassar a fatura para o usuário, mantendo a tarifa antecipada em R$ 5,30. Com isso, fez uma aposta de alto risco.

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A gestão Mário Hildebrandt (Podemos) tomou a decisão baseada em algumas projeções. A começar pela tendência de crescimento do volume de usuários. Como a coluna antecipou ao longo da semana, o sistema recuperou mais 500 mil passageiros em 2023 – o volume total atingiu 18,5 milhões. A expectativa da Secretaria de Trânsito e Transportes (SMTT) é de que esse número suba para algo em torno de 19 milhões e 19,5 milhões neste ano. A se confirmar, ainda seria uma realidade bem abaixo da era pré-pandemia (22,5 milhões). Mas já é algo.

Mesmo assim, mais gente rodando pelas catracas dos coletivos, ao menos no patamar estimado, não deve ser suficiente para cobrir todas as despesas e garantir o retorno financeiro a que a Blumob tem direito por contrato. Para “alimentar” o sistema, Blumenau deve redirecionar recursos arrecadados com a nova Área Azul, que entrou em vigor ao longo de 2023, e com multas flagradas por radares de velocidade.

De Brasília também deve vir novo alento. Há discussões na capital federal para novos aportes de recursos federais no transporte coletivo de grandes cidades.

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— Há um movimento forte nacional, que deve ampliar neste ano, na questão do financiamento do transporte público no Brasil, pois é uma questão delicada no país inteiro — observa o secretário Alexandro Fernandes.

A chamada tarifa técnica, aquela ideal, necessária para manter a saúde financeira do sistema, foi projetada em R$ 8,07 pela Agir. A prefeitura discorda do cálculo e acredita que o valor, na verdade, seria um pouco mais baixo, na casa dos R$ 7,45. Independentemente da tese que prevalecer, ainda há uma diferença grande para os R$ 5,30 cobrados hoje de forma antecipada e que precisa ser coberta.

Blumenau já projetava destinar um subsídio em torno de R$ 30 milhões para o transporte coletivo em 2024 antes do relatório da agência reguladora vir à tona. A divulgação não mudou os planos. A meta é arcar com os custos por esses outros caminhos identificados. Pode ou não dar certo. Se funcionar, a gestão ganhará crédito. Se der errado, o problema tender a cair no colo de quem suceder Hildebrandt em 2025.

Aliás

Ao aumentar apenas a tarifa embarcada, de R$ 6 para R$ 6,50, Blumenau continua a desestimular o uso do dinheiro vivo dentro dos ônibus. A diferença de pagamento para o cartão da Blumob agora sobe de R$ 0,70 para R$ 1,20.

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Um dos objetivos com esse tipo de medida é ampliar a bilhetagem eletrônica, abrindo caminho para a exclusão de cobradores em ao menos algumas linhas para tentar baratear o sistema.

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