Visíveis no dia a dia e na ocupação dos ônibus que circulam pelas ruas, os efeitos da pandemia do coronavírus sobre o transporte coletivo de Blumenau se refletiram também no balanço financeiro da Blumob. As demonstrações econômicas de 2020 da empresa, publicadas no Diário Oficial do Estado nesta semana, mostram que a concessionária acumulou um prejuízo líquido de R$ 11,8 milhões no ano passado.

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O documento também revela que a receita líquida da Blumob reduziu à metade em 2020: de R$ 92,7 milhões, em 2019, para R$ 44,7 milhões. Os resultados negativos têm relação direta, claro, com as restrições impostas ao serviço. O transporte coletivo deixou de circular entre março e agosto do ano passado – houve um período de exceção de cerca de um mês entre junho e julho.

As perdas acumuladas nesse período fizeram a Blumob cobrar da prefeitura uma conta de R$ 18,4 milhões, referente a despesas fixas que continuaram incidindo na operação mesmo sem ônibus nas ruas. Uma decisão judicial pressionou o município a encontrar uma solução para garantir a manutenção do serviço.

A saída encontrada foi a injeção mensal de recursos da prefeitura no caixa da Blumob, verba que tem sido usada principalmente para custear salários de motoristas e cobradores. Ao longo de 2020, o socorro financeiro concedido à empresa chegou a R$ 10 milhões. Outros R$ 8 milhões estão sendo depositados neste ano em parcelas mensais de R$ 2 milhões.

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Em meio a prejuízos, a operação do transporte coletivo tem perdido horários e ônibus. Em março, a Secretaria Municipal de Trânsito e Transportes (Seterb) autorizou a redução de 30 veículos da frota, atendendo a um pedido da própria Blumob.

A revisão da oferta era uma das sugestões contidas em um polêmico parecer administrativo da Agência Intermunicipal de Regulação do Médio Vale do Itajaí (Agir), que apontou que a tarifa de ônibus de Blumenau deveria ser de R$ 6,27 para garantir o equilíbrio financeiro do sistema.

O que diz a Blumob

Procurada pela coluna para comentar os resultados, a Blumob confirmou que a queda na receita em 2020 “é decorrente dos impactos da pandemia, em especial dos quase cinco meses em que a operação ficou totalmente paralisada”. A empresa acrescentou outros reflexos sobre o sistema, como a migração de passageiros para outros modais de transporte.

Ao ressaltar que a operação, a exemplo do que acontece na maioria das cidades brasileiras, é dependente da receita da tarifa paga pelos usuários, a concessionária alerta que o sistema perde a capacidade de se custear com a queda do número de usuários – antes da pandemia, o sistema chegava a transportar até 100 mil passageiros por dia, volume que atualmente não passa de 50 mil.

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A empresa também diz que a revisão de custos e obrigações, controle austero de oferta frente a demanda, revisão do custeio tarifário e readequação ao novo cenário são pontos fundamentais para se evitar um colapso.

Segundo a Blumob, não fossem os aportes ao transporte feitos pela prefeitura o prejuízo “estaria em patamares muito maiores, o que sintetiza o cenário de complexidade”.

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