Com a largada da campanha, é hora de quem quer ser prefeito ou prefeita dar as caras aos eleitores, apresentar o plano de governo, discutir as cidades e debater soluções para os problemas enfrentados pela comunidade. Mas também é o momento para candidatos e candidatas afiarem o discurso na busca pelo voto – uma estratégia, mesmo quando não está diretamente ligada à realidade local, que faz parte do xadrez político.

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Em Blumenau, cinco nomes disputarão a preferência do eleitorado em outubro. Abaixo, por ordem alfabética, considerando o nome que será usado na urna, a coluna analisa a situação e as possíveis cartas nas mangas de cada um deles.

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Ana Paula Lima (PT)

A petista tem uma missão difícil. Desde que o marido, Décio Lima, governou Blumenau, entre 1997 e 2004, nem o PT nem qualquer outro partido de esquerda chegou a disputar sequer um segundo turno. A própria Ana Paula, aliás, foi quem mais chegou perto disso – em 2012, ela ficou fora da disputa final por cerca de 3 mil votos.

A eleição majoritária deste ano será a terceira disputada por ela na cidade. Na anterior, em 2020, Ana Paula foi a quinta colocada, com 8,3 mil votos. Era um pleito atípico, é verdade, com 12 candidatos – o que dividiu o eleitorado. A baixa votação quatro anos atrás, por outro lado, não reflete a atual posição da petista.

Agora Ana Paula tem mandato – carrega 24,5 mil votos em Blumenau da eleição que a elegeu deputada federal há dois anos – e, com isso, pode explorar emendas parlamentares destinadas à cidade. Além disso, o PT voltou à presidência com Lula, um capital político relevante em qualquer disputa. Investimentos recordes e entregas na BR-470, pauta cara à cidade, também devem ser enfatizados pela campanha.

Delegado Egídio (PL)

O delegado de Polícia Civil e atual deputado estadual tem vários trunfos na mão. Ele foi o nome escolhido a dedo pelo governador Jorginho Mello (PL) para a sucessão do prefeito Mário Hildebrandt (PL), que tentava emplacar a vice, Maria Regina Soar (PSDB). Além do apoio do Estado, Ferrari também surfará nos benefícios oferecidos pelo governo de situação, com entregas de obras e projetos.

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A coligação em torno de Ferrari também pesa a favor. Além do PL, outros cinco partidos e uma federação formada por PSDB e Cidadania proporcionarão um generoso tempo de propaganda eleitoral em rádio e televisão e colocarão nas ruas uma centena de candidatos a vereador pedindo votos.

Ferrari ainda tem uma trajetória ligada a pautas de apelo popular, como a segurança pública e causa animal, e pode emplacar o discurso de “cara nova” – três dos outros quatro candidatos disputaram a prefeitura de Blumenau antes. Não bastasse tudo isso, ainda colará na imagem de Jair Bolsonaro, que já gravou vídeo declarando apoio ao deputado. Mesmo inelegível, o ex-presidente tem grande poder de mobilização e é um cabo eleitoral de peso.

Odair Tramontin (Novo)

O ex-promotor de Justiça tentará se eleger prefeito de Blumenau pela segunda vez. Há quatro anos, bateu na trave por uma vaga no segundo turno – 2 mil votos fizeram diferença, na época, a favor de João Paulo Kleinübing. Desta vez, Tramontin, que estreou em campanhas em 2020, chega para a disputa com mais cancha política e com a experiência de uma candidatura ao governo do Estado, em 2022.

O Novo não fugirá à cartilha que tornou a legenda conhecida no Brasil. Vai defender zelo na aplicação dos recursos públicos, intolerância à corrupção e capacidade técnica na ocupação de cargos. Mas também terá de explicar por que abriu mão de alguns princípios defendidos na criação da sigla, como alianças partidárias – o PSD é o parceiro de chapa e demandará posições em um eventual governo – e a possibilidade de usar verbas públicas na campanha.

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A sigla deve explorar pontos da gestão dos correligionários Adriano Silva, candidato à reeleição em Joinville, e Romeu Zema, governador de Minas Gerais. Além disso, Tramontin também flerta com parte do eleitorado mais alinhado ao bolsonarismo. Ajustes no discurso e no programa de governo podem lhe render votos adicionais da direita ou até mesmo de indecisos.

Ricardo Alba (Podemos)

Deputado estadual mais votado na onda bolsonarista – na época representada pelo PSL – que varreu Santa Catarina em 2018, Ricardo Alba, assim como Tramontin e Ana Paula, vai para a segunda eleição a prefeito seguida em Blumenau. Desta vez, no entanto, o advogado e oficial de Justiça correrá em raia solo, já que o Podemos descartou a possibilidade de coligar com outras legendas e decidiu por lançar chapa pura.

Há dois anos, Alba tentou se eleger deputado federal pelo União Brasil. Não conseguiu, mas foi o segundo mais votado para o cargo em Blumenau. Os 19,5 mil votos conquistados no pleito passado constituem um capital político relevante, que pode torná-lo um nome competitivo. Seu eleitorado pode ser uma espécie de fiel da balança entre as candidaturas associadas à direita.

Alba descarta o papel de franco atirador, mas a chapa pura lhe dá a condição de, como já fez antes, criticar “conchavos” – uma alfinetada aos acordos de grupos políticos que garantem megacoligações partidárias. Com a costumeira língua afiada, é de esperar que ele encampe um discurso mais contundente contra a “velha política”.

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Rosane Martins (PSOL)

Estreante em uma disputa majoritária, a advogada Rosane Martins levará o PSOL às urnas de Blumenau pela quarta vez desde 2008. A legenda tem uma estrutura mais modesta em relação aos outros concorrentes. Apesar disso, a militância costuma fazer barulho ao defender algumas pautas que muitos partidos deixam em segundo plano ou ignoram pela conveniência política.

Diversidade, direitos humanos e defesa de minorias – pobres, negros, indígenas, LGBTQIA+ – estarão na pauta e no discurso da campanha de Rosane. Assim como Alba, ela vai de chapa pura ao lado de outra mulher, a professora Jaísa Dolzan, e de certa forma fará um contraponto ao PT no campo da esquerda.

O histórico dos resultados recentes e o perfil do eleitorado blumenauense sugerem que o PSOL corre por fora na disputa. As eleições majoritárias, no entanto, são uma maneira de a sigla se manter na vitrine. Independentemente do resultado das urnas, o espaço e a mídia proporcionados pela campanha evidenciam a discussão de bandeiras levantadas pelo partido.

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