O apoio ao projeto de reeleição de Carlos Moisés (Republicanos) é a pá de cal na relação de Mário Hildebrandt (Podemos) com o bolsonarismo. Assim como o governador catarinense, o prefeito de Blumenau está definitivamente afastado de Jair Bolsonaro (PL). Não que ambos fossem próximos, mas tentar colar a imagem à popularidade do presidente no Estado soava como estratégia política certeira. Funcionou para Moisés em 2018, deu certo para Hildebrandt nas últimas eleições municipais. Agora parece não fazer mais sentido.
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Em fevereiro de 2020, Hildebrandt surgia ao lado do prefeito de Balneário Camboriú, Fabricio Oliveira (hoje seu correligionário no Podemos), defendendo o Aliança pelo Brasil, partido então idealizado por Bolsonaro – e que no fim das contas não vingou por falta de assinaturas necessárias para a criação da nova legenda. Um mês depois, a pandemia estourava no Brasil. Os desdobramentos da crise sanitária sem precedentes acabaram evidenciando as diferenças entre os dois, que se tornaram maiores do que as semelhanças.
Enquanto Bolsonaro atacava governadores e prefeitos por restrições impostas à economia, Hildebrandt evitava embarcar na polêmica. Se de um lado o presidente questionava e sabotava a vacinação contra a Covid-19, do outro o prefeito pregava a importância da imunização. As divergências foram além da maneira de como conduzir a pandemia quando, a uma plateia formada por empresários e representantes dos setores de turismo e eventos, em maio do ano passado, o chefe do Executivo blumenauense reclamou que a região estava esquecida pelo governo federal. Ele se referia ao atraso das obras de duplicação da BR-470.
Neste meio tempo, um acuado Moisés, por duas vezes afastado do comando do Estado em processos de impeachment, mudou a forma de fazer política. Selou alianças com legendas antes antagonistas para garantir a sustentação do governo, abriu as portas para prefeitos e intensificou o diálogo com associações e entidades de classe. Com os cofres catarinenses cheios, passou a distribuir recursos para municípios e a anunciar grandes investimentos, como os R$ 300 milhões para a BR-470 e o Plano 1000.
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O caixa reforçado do Estado acabou fazendo da adesão de Hildebrandt – e de outros prefeitos do Médio Vale sob sua liderança – à campanha de Moisés uma escolha pragmática e fácil, pelos dividendos políticos que a injeção de recursos em obras sempre traz. Se for questionado sobre o presidente da República, o prefeito de Blumenau pode até manter o discurso comum de defesa de uma economia liberal e conservadorismo nos costumes.
O eleitorado mais fiel do bolsonarismo, no entanto, tende a não relativizar o palanque oferecido por Hildebrandt ao principal adversário de Jorginho Mello (PL), o candidato de Bolsonaro, na disputa pelo governo de Santa Catarina. Para estes, ir na contramão do que defende o presidente é um caminho sem volta.
Aliás
Carlos Moisés (Republicanos) virá duas vezes a Blumenau até o fim de junho. No dia 22, assina cerca de 15 ordens de serviços para obras de pavimentações de ruas, construções de pontes, macrodrenagens e contenções. No dia 28, libera o início da construção do Centro de Convenções. O governador nunca esteve tão presente na cidade. Reflexo das eleições deste ano e do espaço cedido pelo prefeito Mário Hildebrandt (Podemos).
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