A volta de voos comerciais ao Aeroporto Quero-Quero, uma bandeira regional histórica que andava meio esquecida, é um golaço que Blumenau merece comemorar, mas sem euforia. Não há até agora qualquer garantia de que o terminal terá linhas regulares depois de outubro, quando a Azul oferecerá voos diários partindo de Curitiba (PR) e Congonhas (SP) com destino à cidade para atender a demanda da Oktoberfest. E neste momento nem teria como ser diferente.
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Esse período curto, de menos de um mês, servirá de laboratório, para medir a temperatura. Azul, governo do Estado e prefeitura de Blumenau já alinham uma reunião pós-Oktoberfest para avaliar o saldo da iniciativa. Com dados concretos, fluxo e custos serão mais bem estudados para se analisar a viabilidade de manter a operação – pode ser efetiva, pode ser sazonal, isso o movimento é que vai dizer.
Os curiosos miniaviões da Azul que serão usados em voos para a Oktoberfest Blumenau
Do jeito que está hoje, o Quero-Quero só tem condições de receber aviões pequenos, como o modelo Cessna Grand Caravan, com capacidade para nove passageiros, que a Azul pretende utilizar em outubro. Aeronaves maiores dependem, entre outros fatores, da reforma da pista – a extensão dela não é problema –, que será contemplada no investimento de R$ 7,7 milhões anunciado nesta sexta-feira (4). Esta intervenção ficará para depois de outubro porque exigirá o fechamento temporário do aeroporto.
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Pousos e decolagens, por ora, também estão restritos à luz do dia, já que as obras de balizamento noturno ainda não estão totalmente prontas. Resta executar cerca de 70% do trabalho, segundo a Secretaria de Obras de Blumenau. O cercamento do Quero-Quero, por outro lado, está quase completo.
Há ainda o fator Navegantes. O terminal no Litoral é o principal ponto de conexão aérea da região – e não deve deixar de ser tão cedo. O avanço da duplicação da BR-470 entre a cidade e Blumenau encurtou o tempo de viagem. Além disso, a maior oferta de voos regulares tende a tornar, naturalmente, os preços das passagens lá mais competitivos.
A visão local predominante, no entanto, não é tratar Navegantes como um concorrente direto. O aeroporto de Blumenau já tem vocações bem definidas – aviação executiva, base para transporte de órgãos usados em transplantes e formação de pilotos. Voos regionais curtos, mesmo com aeronaves menores, são mais que bem-vindos, agregam valor e ajudam a dar outro peso à propaganda turística. Afinal, é um trunfo dizer que um visitante poderá chegar aqui pelo ar.
Um levantamento divulgado em 2015 pela Secretaria Nacional de Aviação Civil, ligada à presidência da República, já revelava o potencial que a Blumenau tinha para ter ao menos um voo comercial diário para São Paulo. Quase dez anos depois, a operação da Azul pode ser um primeiro passo para isso. Eis enfim a oportunidade de testar a teoria da pesquisa na prática.
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