Mais uma grande companhia líder de mercado encontrou em Blumenau terreno fértil para o desenvolvimento de novas tecnologias. Depois da Philips, foi a vez da Ambev, dona de marcas como Antarctica, Bohemia, Brahma, Budweiser, Skol e Stella Artois, fincar raízes na cidade ao anunciar, em fevereiro, a compra da HBSIS. A empresa local já era uma parceira de longa data da cervejaria, fornecendo sistemas usados principalmente no controle de operações logísticas.
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A aquisição, noticiada em primeira mão pela coluna, já foi totalmente concluída após a análise de órgãos reguladores e não faz com que a HBSIS deixe de existir. Na prática, ela continua como uma empresa separada e com identidade própria, mas agora atuando exclusivamente como um braço tecnológico e de inovação da Ambev. O engenheiro Guilherme Pereira, que tem 10 anos de carreira na cervejaria e passagem pela Unilever, foi deslocado de São Paulo para Blumenau para liderar a operação. Ele está na cidade desde março.
Em entrevista exclusiva à coluna, o executivo revelou alguns detalhes dos planos de expansão a partir de agora. A ideia é que a HBSIS passe a desenvolver tecnologias que “resolvam problemas de consumidores, clientes e comunidade” em áreas como logística, vendas, de suprimentos e financeira. Isso vai demandar aumento da equipe no curto prazo, e já há um programa interno de capacitação, semelhante ao Entra21, para formar novos profissionais.
Apertada em um prédio no Centro de Blumenau, a HBSIS prepara mudança para o Work Town Corporate, edifício corporativo em fase final de construção no bairro Vila Nova. Lá, pretendia ocupar, de início, dois andares do prédio. Mas as perspectivas de crescimento, impulsionadas após a aquisição pela Ambev, fizeram com que a empresa fechasse 10 pavimentos, com capacidade para abrigar 1,2 mil pessoas – o dobro do tamanho atual da equipe. Segundo Pereira, o espaço deve estar todo preenchido nos próximos dois anos.
Confira abaixo a entrevista:
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Que motivos levaram a Ambev a comprar a HBSIS?
A Ambev já vinha em um processo de transformação digital antes dessa aquisição. O investimento na HBSIS é para acelerar toda essa transformação.
Quais os planos para a operação a partir de agora?
Temos um plano de expansão de tecnologia em termos de quantidade e qualidade. Vamos investir cada vez mais em tecnologias mais complexas, porque os problemas hoje são mais complexos. E há também uma expansão de pessoas, de áreas que a gente atende e de número de soluções. Isso passa por contratar mais gente e expandir o negócio da HBSIS.
Quantas pessoas serão contratadas?
A gente não tem um número fechado. Estamos indo para um prédio novo agora, com 10 andares dedicados para a HBSIS e capacidade para aproximadamente 1,2 mil pessoas (hoje são cerca de 600 funcionários). É um número que a gente imagina ter, até pelo espaço.
Qual será o papel da operação em Blumenau na estratégia da Ambev nos seus negócios no Brasil e na América Latina?
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É desenvolver tecnologias que resolvam problemas de consumidores, clientes e comunidade, que sejam sempre muito próximos e ligados ao negócio da Ambev de cerveja e de unir pessoas por um mundo melhor.
Você pode dar algum exemplo dessas novas tecnologias?
Nessa linha de tecnologias mais complexas para problemas mais complexos, a Ambev tem dois exemplos interessantes. Há hoje um algoritmo com machine learning, que ajuda a gente a fechar um portfólio de venda de produtos. E tem também uma solução de algoritmo preditivo. Conseguimos prever com uma acuracidade muito alta um futuro acidente com base em uma quantidade gigantesca de dados e análises. Isso reduziu em 47% o número de acidentes nas nossas cervejarias.
Qual a estratégia da empresa para capacitação dos novos funcionários que serão contratados?
A ideia é estar muito alinhado com órgãos que atuam em Santa Catarina, como o Blusoft e a Acate, e as empresas da região. Não é só recrutar, mas capacitar com o que já existe de bom. Gostamos muito do Entra21 (programa de Blusoft de formação de mão de obra). Elaboramos um Entra21 além do que já existe, específico para a HBSIS, para que as pessoas sejam capacitadas em 300, 400 horas com muita qualidade e depois entrem na empresa e façam uma carreira longa aqui, já aprendendo as tecnologias que a gente mais precisa hoje.