O centenário da Altenburg será celebrado apenas em 2022, mas 2020 também reserva uma passagem marcante na história da tradicional fabricante de artigos de cama, mesa e banho de Blumenau. Depois de 50 anos de dedicação à empresa fundada pela avó, Johanna, e que mais tarde foi tocada pelo pai, Arno, o industrial Rui Altenburg se prepara para passar o bastão adiante. Ele deixa ainda neste ano o cargo de presidente da companhia, mas não vai se afastar completamente da rotina dos negócios. Como é tradição nesse tipo de movimentação, passa a se dedicar ao comando do conselho de administração da empresa.

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Não foi uma decisão de uma hora para outra. Rui diz que o processo de sucessão começou “há uns 10 anos”. Uma espécie de “choque de realidade” serviu de alerta. O empresário conta que em certa ocasião, repentinamente, perdeu dois amigos em acidentes fatais. Foi quando começou a pensar o que seria da companhia se algo assim acontecesse com ele.

— Os meus filhos ainda não estavam preparados e aptos para assumir a posição, eram muito jovens. Então eu tomei a decisão de iniciar um processo de governança e que agora está culminando com um profissional assumindo a empresa — conta.

O sucessor escolhido é um velho conhecido de Rui: Ilton Tarnovski, executivo que construiu carreira na Dudalina e que se tornará o primeiro presidente da empresa sem o sobrenome Altenburg. Esse processo de transição de um membro da família fundadora para um profissional de mercado, aliás, não é nenhuma novidade para ele. Quando ainda integrava a diretoria da fabricante de camisas, Tarnovski vinha sendo preparado para assumir o lugar de Sonia Regina Hess de Souza.

Os planos mudaram depois que a varejista Restoque comprou a companhia. Tarnovski deixou o grupo em 2017, mesmo ano em que foi convidado por Rui para assumir a vice-presidência da Altenburg. Desde então, ele vem sendo colocado “a par” da realidade do mercado. Embora as atividades fabris guardem alguma semelhança, há diferenças substanciais nos ramos têxtil e de confecção.

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Ainda não há uma data definida para oficializar a sucessão, mas ela deve ocorrer, se não houver nenhum contratempo, no segundo semestre, projeta Rui. Ele considera o fato de deixar a presidência exatamente no ano em que completa meio século de casa uma “coincidência”. E garante que, mesmo com a mudança, a Altenburg continuará sendo uma empresa familiar, sem alterações no controle societário, apenas dirigida, pelos próximos anos, por um gestor do mercado. Sobre a saída do cargo, Rui não esconde o discurso de “dever cumprido”:

– A sensação, inclusive de quem já está trabalhando há mais tempo comigo, é que eu estou começando a ficar uma pessoa mais leve.

Nova fábrica no Nordeste

Outro movimento importante da Altenburg neste ano será a inauguração de uma nova fábrica em Aracaju (SE). A empresa já tem operação fabril por lá, mas está erguendo um prédio do zero, com maior capacidade produtiva. O investimento, segundo o presidente Rui Altenburg, é de R$ 30 milhões. A unidade vai abastecer toda a região Nordeste, um dos alvos de crescimento da companhia.

As demais plantas – duas em Blumenau, uma em São Roque (SP) e uma no Paraguai – também devem receber melhorias no futuro. A Altenburg fatura R$ 30 milhões por mês e emprega 1,6 mil pessoas. Seu carro-chefe é a produção de travesseiros: em média um milhão de unidades fabricadas por mês.

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