Poderoso e influente, Abílio Diniz era uma daquelas figuras que todos paravam para ouvir o que tinha a dizer. O legado mais exaltado do empresário, que morreu neste domingo (18) aos 87 anos, talvez seja o império construído no varejo brasileiro com o Grupo Pão de Açúcar, ou então suas tantas contribuições para outras empresas – Diniz chegou a comandar o conselho de administração da catarinense BRF, fruto da fusão entre Sadia e Perdigão.

Continua depois da publicidade

Receba notícias de Blumenau e região por WhatsApp

Um dos seus traços mais marcantes, no entanto, foi o patriotismo. Abílio Diniz amava o Brasil. E antes de qualquer insinuação de cunho ideológico em tempos tão polarizados – Diniz tinha suas preferências políticas, claro, mas dialogou com todos os “lados“, embora isso não venha ao caso –, aqui é bom dar à palavra “patriota“ o significado que ela tem e merece: alguém que adora a própria pátria, independentemente de cor partidária.

A coluna estava na plateia de uma palestra que Diniz deu em Joinville, em maio de 2014, na abertura da Expogestão, maior evento corporativo de Santa Catarina. Grande estrela da programação daquele ano, o empresário se mostrou incomodado, à época, com os protestos contrários à realização da Copa do Mundo no Brasil, que começaria dali alguns dias.

— Três bilhões de pessoas estão olhando para o Brasil. Não é a hora de mostrar os nossos problemas. Temos que mostrar nossa grandiosidade — sugeriu o empresário na ocasião.

Continua depois da publicidade

A fala não parecia ser de alguém que “passa pano” para os problemas ou ignorava denúncias de superfaturamento de obras para a competição esportiva. Vinha de um visionário que enxergava na vitrine mundial uma chance singular de promover o Brasil e gerar novas oportunidades de crescimento e desenvolvimento. O que foi feito disso é outra história.

A despedida a gente tão poderosa abre o perigoso precedente de se endeusar meros mortais. Diniz foi grande e sua trajetória e reconhecimento são prova disso, mas não foi perfeito. Entre erros e acertos, porém, ninguém pode dizer que ele não acreditava no Brasil.

Leia também

Bistek vai reformar os dois supermercados da rede em Blumenau

Vizinha ameaça tirar de Balneário Camboriú título de metro quadrado mais caro do Brasil

Famoso restaurante de Blumenau vai abrir unidade na Rua XV de Novembro

Apetite por barcos de luxo maiores faz estaleiro de SC crescer o dobro do previsto

Receba notícias e análises do colunista Pedro Machado pelo WhatsApp