A semente para revolucionar a Oktoberfest Blumenau está plantada. Se vai germinar ou não, depende de como as cervejarias da região irão cultivá-la de agora em diante. Oficialmente lançado nesta quarta-feira (8), o movimento em defesa de uma festa artesanal, com a presença apenas de marcas de chope locais, representa o primeiro passo do que ao que tudo indica será uma caminhada mais longa. Mas é preciso começar em algum momento. Não se vence uma maratona nos primeiros quilômetros.

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A adesão à pauta de setores da sociedade que extrapolam o segmento cervejeiro é promissora. O grande obstáculo neste momento, porém, é o relógio. A oito meses da próxima edição de uma festa cuja organização é complexa e que tem um modelo consolidado, com resultados financeiros consistentes nos anos recentes, a mudança com ares radicais que as empresas da região tanto querem soa improvável. De toda forma, o debate antes restrito a um sonho e a conversas de bastidores ganhou os holofotes.

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Empresários do ramo ouvidos pela coluna sustentam que a publicidade dada à causa já é considerada uma vitória, mesmo que o movimento tenha impacto zero nas condições da licitação que a prefeitura está prestes a lançar. No formato vigente e que tem tudo para ser replicado, uma única marca detém 17 dos 25 pontos de venda dos pavilhões da Vila Germânica, além de ter direito de explorar um camarote para convidados. As artesanais do Vale se dividem entre oito estandes. Qualquer aumento de espaço ainda em 2023 representaria uma importante conquista.

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Caso as regras da futura concorrência não mudem diante do apelo dos produtores regionais – não há, por ora, sinais de que a prefeitura cederia a este ponto –, o contrato da próxima cervejaria oficial da Oktoberfest deve ter seis anos de duração. Prevalecendo a hegemonia de uma grande multinacional, seria uma espera longa para quem deseja mudanças desde já. Mas também um período para dar musculatura ao movimento.

Se as empresas da região se fortalecerem ainda mais nesse intervalo, se a causa conseguir manter a relevância no debate público e, principalmente, se a comunidade e as forças políticas efetivamente comprarem a ideia, a semente agora plantada renderá frutos lá na frente. São muitas condicionantes, é verdade. Cumpridas, o caminho para uma Oktoberfest artesanal será tão natural que essa discussão toda será consenso e talvez nem faça mais sentido em um futuro não muito distante.

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