Embora os discursos de ambos apontem para lados completamente opostos, Jorginho Mello (PL) e Décio Lima (PT) têm pontos em comum. Pelo menos na visão sobre economia. Os planos de governo dos finalistas na disputa ao cargo de governador de Santa Catarina, disponibilizados no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), revelam semelhanças de propostas entre liberais e petistas inimagináveis para quem está preso nas bolhas da polarização.
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Nos documentos, os dois falam em incentivo ao empreendedorismo, combate à burocracia e maior oferta de crédito para pequenas empresas. Concordam que a carga tributária é onerosa, que é preciso estimular o ensino técnico profissionalizante e defendem mais atenção às propriedades agrícolas, parceiras no fornecimento de alimentos à população. Ambos, aliás, também admitem que é preciso melhorar a oferta de energia no meio rural.
No turismo, Jorginho e Décio propõem a criação de uma espécie de agenda de atrativos e destinos que reconheça o potencial do Estado. Na infraestrutura, falam em recuperação de rodovias e reconhecem a importância do modal ferroviário. Até mesmo o candidato petista, mais vinculado a uma esquerda estatizante, admite, como o adversário, a possibilidade de selar parcerias estratégicas com a iniciativa privada em algumas áreas.
As semelhanças se explicam porque a economia da vida real exige mais pragmatismo e há menos espaço para a barulheira ideológica. Tanto Jorginho quanto Décio sabem que Santa Catarina é um polo de desenvolvimento constituído muito mais pelo perfil do empreendedor e produtor catarinense e pela matriz produtiva diversificada do que por diretrizes de direita e esquerda.
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De todo modo, não será com base nas propostas para a economia que o eleitor irá escolher entre um e outro. As eleições de 2022, assim como as de 2018 já haviam sinalizado, mostram que a definição do voto passa por um alinhamento ao discurso de valores morais e de costumes. Neste ponto, aí sim, Jorginho e Décio se posicionam em campos totalmente diferentes.
Paradigmas
Nas eleições de 2018, o então candidato Jair Bolsonaro galgou um lugar no segundo turno – para mais tarde ser eleito presidente – com um tempo ínfimo de propaganda em meios tradicionais como rádio e televisão. Em 2022, Carlos Moisés (Republicanos) arrebanhou apoios de partidos tradicionais e de inúmeros prefeitos, mas foi somente o terceiro candidato a governador mais votado em Santa Catarina.
Ativos antes considerados relevantes em uma disputa eleitoral foram completamente engolidos na era da comunicação instantânea, desafiando marqueteiros de plantão. Hoje se sai melhor quem sabe usar bem o zap para engajar a militância, independentemente da legenda que ostenta ou da estrutura de campanha disponível.
Voto útil
Apesar das eleições de Ana Paula Lima (PT) e Ismael dos Santos (PSD) à Câmara dos Deputados, há quem acredite que Blumenau ainda encontrará certa resistência para abrir portas em Brasília. A análise de um interlocutor local é de que ambos têm atuações muito nichadas e estão comprometidos também com bases de outras regiões do Estado.
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Curtas
– Depois de uma tentativa sem sucesso de se eleger deputado federal, o ex-secretário André Espezim (Podemos) tem as portas da prefeitura de Blumenau abertas se quiser voltar.
– Na fábrica de discursos prontos da política, o segundo turno é a “oportunidade para se aprofundar propostas em condições iguais”. Na realidade do Brasil polarizado, significa mais tempo para encontrar formas de atacar o adversário.
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