O bombástico discurso de demissão de Sergio Moro do Ministério da Justiça e Segurança Pública nesta sexta-feira (24) abre uma nova frente, agora política, na grave crise de saúde e da economia já enfrentada pelo Brasil em um cenário de pandemia, ampliando ainda mais as incertezas sobre os rumos do país, avaliam lideranças empresariais de Blumenau ouvidas pela coluna.
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Há um consenso entre dirigentes das principais entidades representativas da cidade de que a saída de Moro amplia a sensação de insegurança do mercado, que já sofre pesados prejuízos impostos pelo novo coronavírus. Também existe um temor de que a crise política tire o foco de ações emergenciais no combate à pandemia.
— É um momento muito inoportuno. Em vez de canalizar todas as energias na saúde e na economia, vai se gastar muita energia para apagar o fogo e contornar conflitos — avalia Pedro Fank, presidente em exercício da Associação das Microempresas, Empresas de Pequeno Porte e Empreendedores Individuais de Blumenau (Ampe).
Para o presidente da Associação Empresarial de Blumenau (Acib), Avelino Lombardi, o governo Bolsonaro perde um de seus pilares de sustentação. O empresário considera que a credibilidade alcançada pelo ex-juiz da Lava-Jato faz com que seja difícil duvidar das denúncias de interferência política no comando da Polícia Federal.
— O que ficou patente é que o combate ao crime organizado deu uma enfraquecida — diz Lombardi.
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Na opinião do presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Blumenau, Helio Roncaglio, está sem rumo e não existe sinalização de qualquer evento que possa apaziguar o país.
— Essa mudança na Polícia Federal foi a gota d’agua num oceano. Acumulou tantas outras coisas que as pessoas estão perdendo a esperança. E eu acho que isso é o mais perigoso.
O presidente do Sindicato da Indústria de Construção Civil de Blumenau (Sinduscon), Marcos Bellicanta, concorda que o país passa por uma crise política, que poderia se agravar ainda mais com a saída também do ministro da Economia, Paulo Guedes, já ventilada em Brasília. Isso representaria uma derrota da política econômica liberal, última base de apoio de Bolsonaro. Bellicanta, no entanto, adota tom mais cauteloso.
— É muito cedo para dizer o que vai acontecer.