Foi uma temporada cheia: 2019 termina com uma lista grande de acontecimentos marcantes na economia e no mundo dos negócios, pelo menos no que diz respeito a empresas de Blumenau. A coluna entra no clima de retrospectiva e elenca a seguir 10 dos principais fatos deste ano, usando como critério a relevância econômica das operações e o número de acessos às reportagens publicadas.
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1. Souza Cruz se despede do Garcia
Funcionários da unidade da Souza Cruz no bairro Garcia foram surpreendidos na manhã do dia 3 de setembro com um comunicado da companhia que anunciava o encerramento das atividades na cidade após mais de 70 anos. Em nota, a empresa disse que a medida foi tomada diante de uma "reestruturação do negócio, visando alcançar maior competitividade na operação". O crescimento da venda de cigarros contrabandeados também teria pesado na decisão. Em Blumenau, a Souza Cruz empregava 71 pessoas no quadro efetivo, mais funcionários temporários na época da safra — foram 760 neste ano. Com a saída da empresa, o município estima uma queda de cerca de R$ 3 milhões na arrecadação de ICMS a partir de 2021.
2. Ambev compra empresa de TI

A Ambev anunciou em fevereiro a compra da HBSIS, empresa de Blumenau que já atuava como fornecedora de soluções usadas no controle das operações logísticas da gigante cervejeira. O valor do negócio não foi divulgado. Com a aquisição, a companhia decidiu concentrar o desenvolvimento de novas tecnologias na cidade. Em agosto, a HBSIS/Ambev inaugurou nova sede. Uma das metas é passar dos mil funcionários em 2020.
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3. Fechamento de fábricas

O ano de 2019 também foi marcado pelo fechamento de unidades produtivas de grandes empresas. Em abril, a Teka comunicou o encerramento da filial de Indaial. Em maio, a Malwee desativou a planta de Pomerode. Em junho, foi a vez da Cia. Hering confirmar que estava de saída de Indaial. Em todos os casos, a justificava foi semelhante: reestruturação operacional. Outro caso emblemático foi o da multinacional RR Donnelley, que em abril comunicou que estava encerrando as atividades no Brasil. A indústria gráfica, que acionou a Justiça com um pedido de autofalência, tinha uma unidade em Blumenau, onde trabalhavam cerca de 160 pessoas.
4. Um novo destino para o Grande Hotel

Uma das novelas mais antigas de Blumenau teve um final feliz em 2019. Cinco anos depois de ser fechado, o histórico prédio do Grande Hotel, erguido em área nobre no Centro da cidade, foi arrematado em agosto por R$ 14 milhões em um pregão feito pela Justiça após vários leilões frustrados dentro do processo de falência do empreendimento. O novo proprietário do edifício de 88 apartamentos, projetado na década de 1960, quer abrir no local um novo estabelecimento hoteleiro. A previsão é que isso aconteça no primeiro semestre de 2021.
5. Reviravolta na concessão do Frohsinn

Nem todas as novelas da cidade, no entanto, tiveram um desfecho positivo. Em novembro de 2018 a prefeitura de Blumenau chegou a assinar com o Restaurante Indaiá um novo contrato de concessão do Frohsinn, gerando expectativa para a reabertura do tradicional espaço no Morro do Aipim. Mas em julho deste ano, conforme a coluna antecipou em primeira mão, o município decidiu relançar o edital. O motivo teria sido o fato de o Indaiá apresentar um projeto de restauração que previa uma ampliação maior da estrutura do que a permitida na licitação original. A suspensão do processo foi a saída para evitar questionamentos jurídicos. A prefeitura trabalha no relançamento do edital, que deve ficar para 2020.
6. Antiga Sulfabril dá lugar à nova indústria

O Frohsinn ainda está vazio e o antigo Grande Hotel, encaminhado. Outro pedaço marcante da história da economia de Blumenau, no entanto, ganhou vida nova em 2019. Depois de idas e vindas, a Tex Cotton arrematou ainda no fim de 2018, por cerca de R$ 34 milhões, o antigo complexo industrial da Sulfabril. A empresa têxtil iniciou em abril deste ano a mudança para o espaço. A transferência dos setores, até então concentrados em diferentes imóveis no bairro Garcia, está sendo feita de maneira gradual.
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7. Reação do PIB

Depois de dois anos (2015 e 2016), a economia de Blumenau voltou a crescer em 2017. Calma, é isso mesmo: a notícia veio em dezembro de 2019 porque o cálculo do Produto Interno Bruto (PIB) dos municípios é feito sempre depois. O resultado mais recente e atualizado do indicador, portanto, é o de 2017 e mostra que a soma de riquezas produzidas na cidade naquele ano foi de R$ 16 bilhões. O valor, no entanto, está quase no mesmo patamar do verificado em 2014 (R$ 15,8 bilhões). Ou seja, somente em 2017 a curva da economia blumenauense voltou a subir depois da recessão.
8. Fusão no ramo de supermercados

O Grupo Top anunciou em agosto um acordo para a aquisição do Galegão Supermercados. A negociação envolveu cinco lojas da bandeira Galegão, que por enquanto está mantida. O Grupo Top soma cerca de 30 lojas no Vale e no Litoral Norte do Estado. Além das marcas Top e Galegão, também está investindo no mercado de atacarejo sob a bandeira Preceiro, que tem previsão de abertura de novas unidades em 2020, uma delas em Blumenau.
9. Karsten renegocia dívida milionária

Com 137 anos de mercado, a segunda empresa mais antiga de Blumenau deu um passo importante para manter sustentável sua centenária trajetória. Em junho a Karsten comunicou que chegou a um acordo para o pagamento de uma dívida milionária, que chega a R$ 521,7 milhões. A quantia está relacionada a debêntures (títulos de dívidas) emitidas no início de 2012. A situação restringia a capacidade da companhia de obter crédito para investimentos, além de impactar negativamente o balanço financeiro.
10. Schornstein se junta à cervejaria paulista

Ok, a Schornstein é de Pomerode, mas a coluna abriu uma exceção e a coloca na lista pela representatividade regional no setor cervejeiro, que tem em Blumenau um dos principais polos do país. Na metade do ano a empresa anunciou uma fusão com a cervejaria paulista Leuven que resultou na criação da Companhia Brasileira de Cerveja Artesanal (CBCA), empresa que já nasceu com um portfólio de pouco mais de 30 rótulos das duas marcas (que foram mantidas independentes), três fábricas e faturamento anual superior a R$ 30 milhões. Movimento deste porte era inédito na região até então e revela nova estratégia de produtores de cervejas artesanais em conquistar novos mercados com melhor controle de custos diante do crescimento da concorrência no setor.
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Menções honrosas:
– Philips planeja dobrar operação em Blumenau em até cinco anos
– Viacredi encaminha expansão para o Paraná
– Ailos inicia mudança para nova sede
– Cooper cria "drive-thru" para retirada de compras feitas pela internet