Tem caminhoneiro querendo trabalhar, mas não pode porque é ameaçado. Outros querem permanecer parados porque entendem que a proposta do governo federal é diminuta. Tem aqueles que até voltariam ao trabalho, mas acabaram pegando gosto pelo descontentamento de parcela da população que pede intervenção militar no governo federal. E tem aqueles que acreditam, equivocadamente, que essa parcela da população representa os demais, o que garantiria a tal “mobilização nacional”.

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Sem lideranças e foco a paralisação dos caminhoneiros autônomos do Brasil, infelizmente, virou bagunça. Começou com pauta clara, justa e apoio da maioria. Aos poucos ficou escancarado que não havia liderança. Houve duas negociações com o governo endossadas por entidades que se diziam representantes da categoria, mas pelo visto a categoria nunca se viu representada por elas. Nesse meio-tempo, os que querem os militares no poder com a justificativa de que os problemas serão solucionados, manifestam expressivo apoio e acabam, ao que parece, adotando e mantendo as paralisações.

Não acredito em intervenção militar. Nem em golpe. A única intervenção possível neste momento, infelizmente, é a da polícia para acabar com os bloqueios, em especial aqueles que já deveriam ter sido desfeitos por decisão judicial. Um manifestação que começou exemplar e poderosa parece se perder graças à desorganização, o que pode acabar por fortalecer, de certa forma, o governo federal. Este mesmo que tanta vergonha nos dá e que temos a oportunidade de mudar nas eleições de outubro. Parece que um final melancólico já supera aquele que poderia ter sido vitorioso.

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