Depois de quase um ano e meio de estudos já é possível saber um pouco mais sobre o material encontrado no Sambaqui Ilhota 2, descoberto em 2017 junto às obras de duplicação da BR-470. Segundo os pesquisadores da Espaço Arqueologia — empresa autorizada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para estudar o local — uma das ossadas era de uma mulher que viveu há 5,8 mil anos e tinha entre 20 e 30 anos de idade quando morreu.

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A causa da morte não foi identificada, mas ela foi sepultada em cova rasa, deitada de lado e com as pernas e braços parcialmente dobrados. Com a análise dos ossos foi possível perceber que o ritual funerário incluiu a pulverização de pigmentos vermelhos de origem mineral conhecido como ocre. Ao lado da cova foi acesa uma fogueira onde foram consumidos peixes cujos ossos foram jogados ao fogo. Depois o corpo foi coberto por uma camada de 50 centímetros de conchas.

Peixes e frutas

Além dessa ossada, os pesquisadores encontraram no local outro esqueleto que também foi sepultado seguindo os mesmos rituais. Os arqueólogos só não conseguiram identificar sexo e outras características por que os ossos foram danificados por uma árvore que nasceu no local.

Sambaqui Ilhota 2
Sambaqui está às margens da BR-470 em Ilhota (Foto: Espaço Arqueologia, divulgação)

A análise minuciosa do material recolhido em Ilhota, cidade catarinense do Vale do Itajaí, também revelou características do grupo de pescadores e coletores que vivia na região. Eles se alimentavam de peixes como robalos, bagres e corvinas, além de outros menos conhecidos, como miraguaia, cangauá e sardo-de-dente. Eles também comiam moluscos, frutas inhame, ervas e grãos.

Futura exposição

Sambaqui Ilhota 2
Material foi retirado do sambaqui para análise e pode ser exposto em breve (Foto: Espaço Arqueologia)

O Sambaqui Ilhota 2 e tem pouco mais de 1 mil metros quadrados. Análises feitas por um laboratório dos Estados Unidos no material que foi recolhido comprovou que os restos mortais estavam no local há pelo menos 5.880 anos. Naquela época essa área era uma ilha que ficava entre o rio e o mar. Hoje a área está numa pequena elevação cercada por uma plantação de arroz.

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A análise do material recolhido foi concluída e todo material arqueológico já foi enviado para a Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc). O Museu Etno Arqueológico de Itajaí já manifestou interesse em expor esse material e essa possibilidade está sendo estudada. O sambaqui em Ilhota será preservado e está disponível para novos estudos.

Confira abaixo um vídeo sobre a pesquisa