Há dois anos voluntários de Blumenau e de outras cidades se mobilizam para realizar sonhos de pessoas que, de alguma forma, passam por momentos difíceis na vida. Sob o nome de Sonho em Viver, a primeira ação do grupo começou com uma falsa pesquisa universitária na Casa São Simeão, um dos mais tradicionais asilos de Blumenau.
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Cerca de 20 voluntários se passaram por estudantes e perguntaram aos idosos qual era o maior sonho da vida deles. Com o resultado nas mãos eles começaram a correr atrás de ajuda na comunidade para realizar todos os desejos.
Na lista havia pedidos simples, como visitar o antigo local de trabalho ou almoçar com a família, mas também surgiram os mais desafiadores, como viajar de avião ou ver um homem pelado. Sim, este foi o pedido de uma idosa que infelizmente não chegou a ser realizado porque a morte não quis esperar.
A iniciativa partiu da empresária e professora Adriana Constante. Ela trabalhou como voluntária nos Trapamédicos, grupo que leva alegria aos pacientes de hospitais, e depois de um período afastada para se dedicar ao mestrado resolveu retomar o voluntariado criando o próprio projeto. A inspiração veio de uma ação semelhante em Portugal que ela viu em uma reportagem.
Mal imaginava ela a proporção que a iniciativa tomaria. Em quase dois anos o Sonho em Viver já deflagrou 15 ações em diferentes cidades. Além de Blumenau voluntários de Pomerode, Timbó, Penha, Lages e até Vacaria, no Rio Grande do Sul, se inspiraram no exemplo de Blumenau para levar o projeto ao maior número possível de pessoas. Até o momento mais de 600 sonhos já foram realizados.
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As últimas ações foram no Natal e na Páscoa. O projeto atendeu desejos mais simples de presentes que as pessoas gostariam de ganhar nessas datas. O da Páscoa, por exemplo, contemplou sete entidades assistenciais de Blumenau, Penha e Lages, onde foram distribuídos chocolates e brinquedos a idosos, crianças e adolescentes que passam por momentos de vulnerabilidade social.
Adriana é emotiva e leva no coração alguns desejos especiais. Um deles é da primeira ação, na Casa São Simeão, e ainda não foi cumprido. A perna mecânica computadorizada já tem doador. É uma universidade do interior de São Paulo, mas a criação da prótese depende de dinheiro público que, como sabemos, demora em chegar.
Outro desejo que tem lugar certo na memória afetiva de Adriana é a de uma ação feita com pacientes em estágio terminal. Um jovem com câncer tinha o desejo de ir ao Parque Beto Carrero com a família, mas não conseguiu sair do hospital, onde a saúde dele só piorou até falecer. Mesmo assim o projeto levou a família ao parque para cumprir em parte o desejo do rapaz.
Esse trabalho com pacientes terminais foi um dos mais impactantes do Sonho em Viver. A equipe teve 20 sonhos selecionados, mas só seis pessoas sobreviveram até a realização deles. Trabalho que exige, além da vontade de ajudar o próximo, muita estrutura emocional para suportar os altos e baixos dos enfermos e das famílias.
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Próximos sonhos
Adriana está grávida e deve se dedicar um pouco mais ao filho neste ano. Ainda assim tem a meta traçada de promover no segundo semestre uma ação com cuidadores de animais. A ideia é descobrir, sem que eles saibam, qual o maior sonho deles relacionados aos cães e gatos que eles cuidam e encontrar parceiros na sociedade que os ajudem a realizar os desejos. O projeto quer privilegiar aqueles cuidadores que doam tempo e recursos para cuidar dos bichos, sem ajuda de ONGs ou outras entidades.
Também está na meta do Sonho em Viver atuar com entidades que reúnem grupos específicos de portadores de necessidades especiais, como deficientes físicos, cegos, surdos entre outros. Essas ações devem começar a ser deflagradas em 2019, depois da ação com os cuidadores de animais.
Quem quiser ajudar o Sonho em Viver pode acompanhar a página da iniciativa no Facebook (facebook.com/sonhoemviver). Basta acompanhar o anúncio de novas ações para se candidatar como voluntário, para ajudar na organização, ou como doador que pode realizar os sonhos dessas pessoas. Também é possível criar um braço do Sonho em Viver em outras cidades. Não há limites para quem deseja espalhar felicidade a quem mais precisa.