
Amaro de França, mais conhecido como Djeme (a pronúncia é “Dimi”) Mocidadde, nasceu na década de 1950 em Santos. É o mais velho dos sete filhos de um caminhoneiro e uma dona de casa que nasceram no Nordeste e viviam no litoral paulista. Djeme diz que teve uma infância feliz cheia de brincadeiras como pipa, pião e até pesca e caça.
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Estudou até o quarto ano do ensino fundamental e logo ganhou a rua em trabalhos diversos para ajudar a mãe no sustento da família. Vendia sorvete, revista e como viviam num pequeno sítio, também vendeu banana, laranja e mexerica. Aos 13, já adolescente, perdeu o pai. Também foi nessa época que começou a frequentar os bailes da cidade e encontrou as primeiras namoradas.
Ao conquistar a maioridade saiu de casa e foi viver sozinho. Continuou em Santos trabalhando por nove anos como operador de máquina em uma empresa de terraplanagem. Depois disso “ganhou o mundo”. Colheu maçã no interior de São Paulo, ajudou no transporte da fruta entre o Brasil e Argentina e trabalhou como “bagrinho” carregando e descarregando peixe na cidade em que nasceu.
O primeiro relacionamento sério veio ao 23 anos. Djeme está no terceiro casamento e tem, no total, nove filhos e 17 netos. A atual esposa, Ana Maria, ele conheceu numa Quermesse. Ela nasceu em Itajaí e queria voltar para o Sul, onde criaria com mais qualidade os seis filhos que tiveram, além de ficar mais perto da família.
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Vida no Sul
Aqui o santista realizou o sonho de conhecer Sérgio Murad, o Beto Carrero, e chegou a trabalhar como ajudante por nove meses no parque que o empresário criou em Penha. Para Blumenau eles vieram em 2000. Trabalhou em algumas empresas e até na Câmara Municipal foi “assessor de rua“. Morou no Badenfurt, na Pedro Krauss Senior, no Araranguá, na República Argentina e agora vive entre a Itoupavazinha e o Salto do Norte, onde criou na década passada o Grêmio Recreativo Unidos do Bairro Mocidade Salto do Norte, única escola de samba de Blumenau.
O convívio com o Carnaval vem da adolescência. Aos 14 anos ganhou paixão pelo samba e em Santos passou por algumas escolas, como X-9 Santos, Mocidade Independente Padre Paulo e União Imperial. Até hoje compõe os sambas que servem de estímulo para os que desfilam no Salto do Norte. Djeme não se cansa de agradecer aos empresários, à comunidade e à diretoria da escola pelo esforço anual de manter vivo o desfile de Carnaval no bairro.
Bob e Jamaica são outros apelidos que Amaro ganhou ao longo da vida. Hoje ele atua como artesão fazendo pequenas grutas com imagens religiosas com pedras que tira do rio. Os filhos estão encaminhados e a meta dele é viver pelo menos mais cinco anos para chegar aos 70. Gosta de conviver com os amigos, confraternizar, “trocar uma ideia”. Também se empenha pela qualidade de vida na comunidade em que vive. O espaço hoje usado como sede da escola ele quer transformar em Praça do Samba e da Alegria. É lá também que ele quer fazer a festa das crianças, em outubro.