
Marcelo Labes nasceu em Blumenau há 35 anos. Filho de um tecelão e uma empregada doméstica, ele é o mais novo de três irmãos. Viveu a infância no bairro Progresso, onde andava de bicicleta, brincava no mato e subia o Spitzkopf. Estudou na Escola Básica Municipal Pedro II, no mesmo bairro em que vivia, e depois na Escola de Educação Básica Pedro II, no Jardim Blumenau.
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A criança agitada também frequentou uma escola pública de artes e foi bolsista da Escola de Música do Teatro Carlos Gomes. Quando não estava “apavorando” no bairro ele lia. Encontrou o primeiro livro numa caixa empoeirada que tinha em casa. Leu e releu Espumas Flutuantes, de Castro Alves.
Na quinta série uma professora de Língua Portuguesa reconheceu pela primeira vez o potencial dele como escritor. O Ensino Médio ele cursou em um internato em Ivoti (RS), período que ele considera terrível pelos problemas inerentes ao local, mas maravilhoso pelos amigos que fez na biblioteca. Foi lá que ele leu pela primeira vez Kafka, Sartre, Saramago, Camus, García Márquez.
Nesse período Labes escreveu Dois Amores, primeiro poema que se tornou público, por meio do jornal Zero Hora, em 2000. É também do Rio Grande do Sul que veio o sotaque que ele carrega até hoje.
Faculdade e trabalho
De volta à terra natal, em 2002 estudou Letras na Universidade Regional de Blumenau (Furb). Não concluiu o curso, mas conheceu autores locais como Bell, Endoença, Radünz, Mauro Galvão, Marcelo Steil, Zunino e Raquel Furtado. Percebeu que a cidade tinha uma tradição literária e decidiu fazer parte dela. Depois tentou concluir o curso de Ciências Sociais, mas abandonou no final.
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Teve vário ofícios. Lavou carros, entregou panfletos, ofereceu cartão de crédito nas ruas. Vendeu curso de inglês, trabalhou em videolocadora e foi servidor concursado do Seterb, autarquia municipal responsável pelo trânsito e transporte na cidade.
Frequentou o Narcóticos Anônimos e se viu livre do álcool por oito meses, mas recaiu. Parou de beber em 2014, quando mal conseguia subir as escadas para o trabalho depois de um fim de semana de bebedeira. Um depoimento de Ruy Castro sobre o tema lido na internet o encorajou.
Produção
Em 2008 publicou o primeiro livro. Falações (Edifurb) tem o mesmo nome de um blog em que ele escrevia sobre a produção literária no Vale do Itajaí. O segundo veio só em 2015. A sobriedade o ajudou a escrever Porque Sim Não é Resposta (Antítese/Hemisfério Sul), um dos que ele mais gosta. Um conto longo autobiográfico em prosa poética surgiu em 2016 com O Filho da Empregada (Antítese/Hemisfério Sul).
Em 2016, o livro de poemas Trapaça (Oito e Meio) foi publicado por meio de um financiamento coletivo. Dois anos mais tarde saiu Enclave (Patuá), um dos dez finalistas do renomado Prêmio Jabuti. No mesmo ano Marcelo publica O Poeta Periférico (do autor), que também teve financiamento coletivo. O livro Paraízo-Paraguay é de 2019 e marcou a estreia da editora Caiaponte, criada pelo escritor e poeta. Conquistou o segundo lugar na categoria romance do Prêmio Literário 2019 da Biblioteca Nacional. Ainda neste ano conseguiu publicar dois “livretinhos de poemas“: Antissonetos & Outras Formas e Poemas de Condomínio.
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Marcelo vive há dois anos com a namorada em Florianópolis. Deixou o trabalho estável de servidor público e a cidade “bizarra” em que nasceu para viver da literatura. Do Centro da Ilha da Magia ele tem como meta tocar a editora que criou e escrever. No momento está concentrado no próximo livro. Quando pode, relaxa pedalando na companhia da brisa da Beira-Mar Norte.
Ouça um trecho da entrevista gravada em 13/11/2019