Perduram frescas as memórias daquele 22 de novembro de 2008. Parece um filme. A apreensão pela chuva forte que não parava, a explosão do gasoduto na BR-470, os deslizamentos na rua ao lado do Neumarkt Shopping (foto), no bairro Boa Vista, na Martin Luther além do alagamento de diversas ruas pela cidade. Testemunhávamos o início de algo inédito para nós. Algo tão forte e diferente que a enchente então provocada pelos mais de 11 metros do rio Itajaí-Açu era o menor dos problemas.

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Profissionalmente, o plano mental definido em caso de inundação de nada servia. Não eram as partes mais baixas da cidade que precisavam de atenção, e sim as mais altas. Se antes a preocupação morava na região da Rua 1º de Janeiro, naquele dia ela não tinha endereço certo. A lama que descia dos morros vinha em segundos, bem diferente do ritmo que o nível do rio leva para subir nas enchentes. Não havia como prever quais morros cederiam ao peso da terra que armazenava água de meses de chuva. A incerteza predominava.

A cidade ganhou mais uma cartilha: a dos deslizamentos. Aprendemos na marra a lidar com esse fenômeno que era, de certa forma, habitual, mas nunca foi tão destruidor como há 10 anos. A cartilha, aliás, está longe de ser concluída. Temos obras necessárias que não foram executadas em uma década e muita gente ainda vive em área de risco, depositando na sorte o futuro em caso de chuva forte e contínua.

É preciso concentrar forças e recursos para acabar de uma vez por todas com esse fantasma que nos ronda. O fenômeno, até então, foi único, mas nada garante que essa condição seja permanente. Estamos sempre sujeitos às chuvas e às consequências que ela traz quando não nos preparamos devidamente. Isso não vai mudar.

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