Crise não tem hora boa, mas essa que, por enquanto, culmina com a saída do ex-juiz Sérgio Moro do Ministério da Justiça e Segurança Pública veio no momento mais inoportuno possível. Vivemos uma grande insegurança sanitária por causa do avanço do novo coronavírus e da troca de ministros na área da Saúde. Agora a insegurança política eleva ao ponto mais alto o desdém do nosso presidente da República para com o bem-estar da nação.

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Se tudo o que Sergio Moro disse for verdade — e não há razão aparente para duvidar do que foi dito — temos ingredientes suficientes para manter essa instabilidade no Palácio do Planalto por muito tempo. Uma crise sem precedentes se instalou neste governo. Sem prazo para acabar. E com consequências ainda desconhecidas.

Só mesmo o desespero e o medo podem justificar tamanha falta de timing e a disposição de enfrentar instabilidades como a que se forma agora, deixando para segundo plano a pandemia que se instalou. Tudo indica que o obscuro cenário que é desenhado a partir de hoje, e inclui Moro como adversário declarado do presidente, é mais conveniente aos Bolsonaro do que as consequências de manter o diretor geral da Polícia Federal no cargo.

Se mal podemos medir o tamanho da crise desencadeada, em vão serão as tentativas de medir o impacto das investigações que estão em andamento contra a família do poder. Investigações que, não por acaso, passam a ter futuro incerto.

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