Quem anda pelas ruas de Blumenau percebe claramente a mudança de comportamento. Com o reinício de algumas atividades profissionais e comerciais nas duas semanas que passaram é grande o movimento de pessoas. Bem maior que o movimento visto quando a quarentena começou, em meados do mês passado.

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O problema é que a movimentação de pessoas que precisam trabalhar ou comprar o básico para a sobrevivência serviu como uma espécie de autorização para aqueles que não deveriam estar nas ruas. Tem muita gente que sai de casa por motivos fúteis e não se dá conta do problema que isso pode gerar no futuro próximo. Até mesmo os mais vulneráveis entraram na armadilha e foram às ruas.

As possíveis consequências desse relaxamento na quarentena é preocupação também dos hospitais da cidade. O coordenador da Clínica Médica do Hospital Santo Antônio, Leonardo Rodrigues da Silva, diz que pela projeção dos infectologistas e epidemiologistas o maior crescimento no número de casos está previsto para a segunda quinzena de abril. O fato de o povo estar ganhando as ruas agora certamente fará com que o número de casos no fim deste mês aumente ainda mais:

— É difícil acreditar que o nosso país vai ser poupado. Todos os demais foram afetados, e países com muito mais recursos.

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Cálculo semelhante faz o superintendente geral do Hospital Santa Catarina de Blumenau, Maciel Costa. Baseado no acompanhamento que é feito em outros locais, a curva de contágio aumenta significativamente entre os dias 30 e 40 depois do primeiro caso, o que coincide com a segunda quinzena de abril. Maciel diz que o isolamento adotado até então pode interferir positivamente nessa previsão, mas o relaxamento gradativo preocupa:

— Se tiver um volume grande de paciente que precisam de UTI, (o sistema de saúde) vai entrar em colapso. A internação de UTI leva em torno de 14 dias e só podemos atender 20 pacientes por vez (no Hospital Santa Catarina).

Pronto Socorro HSA
Movimento nas recepções dos hospitais ainda é tranquilo, mas deve aumentar nas próximas semanas (Foto: Patrick Rodrigues)

De acordo com a Secretaria Municipal de Promoção da Saúde, a cidade tem hoje 682 leitos de enfermaria, 95 leitos de UTI e 45 respiradores mecânicos.

Conscientização

Tanto Maciel quanto o diretor técnico do Hospital Santa Isabel, Marcos Sandrini de Toni, dizem que a conscientização da população será determinante para definir o futuro do novo coronavírus na cidade. De Toni espera que a quarentena tenha servido para que as pessoas percebam que é necessário haver uma mudança radical de hábito e cultura em relação à higienização:

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— Tem que usar máscara! Tem que lavar as mãos com água e sabão ou álcool em gel o tempo todo! E evitar colocar as mãos na boca, nariz ou olhos. Mesmo que a máscara não seja muito eficiente para gotículas, ela acaba sendo uma barreira para as mãos.