O perfil solidário do morador de Blumenau é o principal responsável pelo alto número de pessoas em situação de rua na cidade. Quem afirma é o diretor de Políticas Pública sobre Drogas e Reintegração Social da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, Marciano Tribess. A conclusão tem como base depoimentos obtidos pelas equipes da assistência social junto a essa população.
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Por isso, a campanha que começou em outubro e surge em diferentes frentes no município tem como principal meta fazer com que as pessoas parem de dar esmolas e encaminhem moradores de rua a serviços de acolhimento e atendimento oferecidos pelo poder público.
O trabalho de conscientização foi desenvolvido por outdoors, busdoors e outros meios. Agora, as equipes distribuem folhetos em estabelecimentos da cidade. A ideia é fazer com que, principalmente, restaurantes e lanchonetes evitem alimentar a população de rua, já que esse tipo de ajuda estimula a permanência em situação de risco e incentiva a vinda de moradores.
Para Tribess, é possível perceber uma redução dessa população no início deste ano. Somente nos meses futuros, porém, será possível dizer se isso ocorreu devido à campanha ou ao fato de que nesta época do ano as pessoas tendem a migrar para o litoral. Ou seja, a aparente redução pode durar até o mês que vem apenas.
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Centro Pop atendeu 212 pessoas pessoas por mês no ano passado
A prefeitura atua diariamente no combate ao problema. Equipes abordam esses moradores na tentativa de levá-los ao Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro Pop) ou ao Abrigo Municipal. Nem todos aceitam.
Em média, o Centro Pop fez 212 atendimentos por mês no ano passado. É um pouco mais que os 203 de 2016. Das pessoas atendidas, 82% não são de Blumenau e perto de metade vem de outros Estados.
No Centro Pop eles podem tomar banho e recebem comida e roupas, além da oportunidade de voltar para o município de origem ou de participar de oficinas. Há os que não aproveitam essas oportunidades. Já o Abrigo Municipal tem capacidade para 50 pessoas e acolheu no ano passado, em média, 40 pessoas por noite.
O perfil do morador de rua, segundo o diretor, mudou bastante de alguns anos para cá. Se antes era comum ver pessoas mais idosas, dependentes de álcool e sem família, hoje é mais frequente encontrar jovens viciados principalmente em crack. Tribess conhece pessoas que têm ensino superior completo, apartamento financiado, família em Blumenau, mas ainda assim prefere viver nas ruas por causa do vício.
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Problema longe de solução
O trabalho de abordagem, atendimento e acolhimento feito em Blumenau tem sido referência a outros municípios, mas Marciano Tribess reconhece que o problema está longe de ser resolvido. O poder público monitora a situação e busca conhecer constantemente novas experiências adotadas por outras cidades brasileiras, mas por enquanto não há fórmula mágica.
Por hora, além do serviço prestado, o município aposta na conscientização das pessoas, pedindo que elas não deem esmolas e muito menos apoiem o trabalho infantil nas ruas, por exemplo. Ao ver um pedinte ou morador de rua, o melhor a fazer é ligar para 99945-9630 e denunciar ou solicitar a abordagem.