Em 2016, rodei algo em torno de 3,5 mil quilômetros em uma viagem de carro para o Uruguai. Neste mês, percorri outros 8,5 mil quilômetros pela Argentina e Chile. Com a propriedade de quem dirigiu por 12 mil quilômetros em estradas de diferentes regiões de quatro países, digo, sem medo de errar, que a situação da BR-470 em Santa Catarina é vergonhosa, vexaminosa e absurda.

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Poucas vezes me senti tão estressado ao volante como quando entrei no nosso Estado no último dia 12. Era algo em torno de 15h e não demorou muito para o fluxo, a imprudência, o risco e as péssimas condições da rodovia e da sinalização aumentarem exponencialmente. É um choque.

O pior trecho foi entre Pouso Redondo e Apiúna. Só aqui vi desníveis assassinos como os da Serra da Santa. Isso sem falar da falta de sinalização, dos buracos que a chuva provoca em asfalto mal recuperado e – não menos preocupante – da imprudência de quem tem o volante ou guidão nas mãos. Só aqui a principal e mais movimentada rodovia da região passa por dentro de cidades como Apiúna e Pouso Redondo. Só aqui percebo como somos miseráveis em relação à infraestrutura viária. Em 17,5 dias de viagem, passei por apenas um acidente. Foi na Argentina, onde um carro saiu da pista e capotou sozinho. Já nas poucas horas em que estive na BR-470 passei por três acidentes.

É verdade que rodei um par de horas por um estrada argentina cheia de buracos, mas lá, diferentemente daqui, tudo é bem sinalizado. Mesmo as rodovias que precisam de reparos têm placas e luzes indicando a situação e preparando o motorista para o que vem pela frente.

O mais incrível é que estamos numa região chamada de Vale Europeu. Placas na rodovia federal avisam que estamos entrando na Europa brasileira, mas em se tratando de BR-470, estamos mais perto do Haiti do que do Velho Mundo.

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