Mais do que a transmissão do cargo de prefeito de Napoleão Bernardes (PSDB) para o vice Mário Hildebrandt (PSB), a cerimônia que lotou o Teatro Carlos Gomes nesta quinta-feira entre o fim da tarde e o início da noite em Blumenau foi a demonstração definitiva e incontestável da força política que o jovem tucano de 35 anos acumulou ao longo da carreira política. A presença do governador licenciado Raimundo Colombo (PSD), do governador em exercício Eduardo Pinho Moreira (PMDB), de dois senadores da República, deputados federais e estaduais, prefeitos e vereadores de praticamente todas as regiões do Estado dão o aval que Napoleão precisava para se lançar numa candidatura forte e consolidada. Muito provavelmente para o Senado, ainda que não exista martelo batido em torno da candidatura de Paulo Bauer ao governo do Estado.
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Por algumas vezes o discurso de quase uma hora ganhou tom de campanha política. O agora ex-prefeito enalteceu o que ele chama de perfil inovador de gestão do primeiro mandato e o caráter realizador deste segundo mandato que cai nas mãos de Mário Hildebrandt, mas não deixou de reafirmar a preocupação com a injusta divisão dos impostos que em grande parte ficam no governo federal enquanto os municípios, palco da vida das pessoas, agonizam. Deixou claro, portanto, a linha de trabalho num possível mandato na Câmara Alta.
Nem mesmo o triste episódio envolvendo um oposicionista que gritou palavras contra o tucano no início do discurso de despedida foi capaz de ofuscar o momento de glória (no âmbito político partidário, que fique bem claro). O efeito contrário veio imediatamente com as cerca de 700 pessoas gritando em uníssono “Napo, Napo, Napo”.
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Para muitos não tivemos desde 2012 o melhor prefeito da história da cidade, mas é inegável que ganhamos um representante político com força e apoio suficientes para ajudar a elevar Blumenau e Vale do Itajaí ao patamar já ocupado em outros tempos de protagonismo político no Estado.
Cavalheirismo
Mário Hildebrandt foi um cavalheiro, no discurso e nas atitudes. Além de enaltecer as qualidade que ele encontrou em Napoleão ao longo de pouco mais de uma ano, deixou que ele discursasse por último e levasse os louros na cerimônia de transmissão de cargo. A atitude marcou o fim de uma fase. Com a caneta na mão, o agora prefeito deve mostrar um pouco mais da forte personalidade que tem, apesar do lado social e aparentemente apaziguador que prevaleceu até agora. Além de administrar a cidade, vai fortalecer o nome para uma possível candidatura a prefeito em 2020.
Anexo
Os 800 lugares do auditório Heinz Geyer foram insuficientes para acomodar os que prestigiaram a troca de comando da cidade. Um auditório com telão foi preparado no salão de festas em frente ao principal espaço do Teatro Carlos Gomes para abrigar mais algumas dezenas de pessoas que ficariam de fora.
Erros cometidos
Tanto na entrevista coletiva antes da cerimônia como no discurso que fez antes de assinar a renúncia, Napoleão Bernardes pediu desculpas à comunidade pelos erros que cometeu enquanto prefeito. Não disse quais foram. Cada um que tire suas conclusões.
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Dívidas do Estado
O governador em exercício Eduardo Pinho Moreira foi breve no discurso. Enalteceu as qualidades políticas dos protagonistas da noite, mas não anunciou o dinheiro que esperamos da capital para construir o centro de convenções e urbanizar a margem esquerda do rio Itajaí-Açu. Disse apenas que “há compromissos não cumpridos” com Blumenau. Pelo menos não se esqueceu.
Coragem
Como têm feito nos últimos dias, Napoleão e Hildebrandt enalteceram nos discursos o que eles classificam como “atitude corajosa” do ex-prefeito ao deixar a “cômoda” condição de mandatário municipal para alçar voos maiores. Napoleão lembrou que Luiz Henrique da Silveira, Raimundo Colombo e Vilson Keinübing fizeram o mesmo em Joinville, Lages e aqui.
Terá nosso ex-prefeito o mesmo sucesso do trio?
Dúvida
Fogos de artifício foram ouvidos no Centro de Blumenau por volta das 19h40min. Só não se sabe o que comemoravam: a possível prisão de Lula ou a ascensão de Mário Hildebrandt ao cargo de prefeito.