Impressiona o volume de terra que está sendo depositado junto à BR-470 para a duplicação da rodovia no trecho em que a estrada encontra a rodovia Guilherme Jensen (SC-108), ou Rua Dr. Pedro Zimmermann, no Trevo da Mafisa. Tanto na margem Norte, junto ao Parque das Itoupavas (bairro Fidélis), como na margem Sul, junto à Rua 1º de Janeiro (bairro Fortaleza), áreas imensas ganharam o tom ocre da terra que dará sustentação a um grande complexo de pontes, viadutos e novas pistas que integram a obra do governo federal.
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O fato é que a região da Rua 1º de Janeiro é conhecida em Blumenau por ser, até então, a primeira a ser atingida pelas enchentes que periodicamente dão o ar da graça na cidade. Se as cotas da região já diminuíram em anos anteriores, com o aterro gigante é bem possível que a dinâmica das águas mude já na próxima enchente.
Terra toma lugar da água
Para o geólogo e professor da Universidade Regional de Blumenau (Furb), Juarês Aumond, o impacto é certo. Ele explica que cada metro cúbico de terra colocado em área que antes era alagável equivale a um metro cúbico de água que vai para outro local. Isso pode representar uma inundação maior em determinadas regiões ou ainda o alagamento de áreas que antes não eram atingidas por enchentes.
Aumond diz que percebe nos últimos anos um aumento de aterros em áreas anteriormente alagáveis. Isso aliado às mudanças climáticas previstas para as próximas década, com o aumento das chuvas na região Sul do Brasil, deve aumentar o impacto das enchentes na nossa região:
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— Temos que planejar as áreas urbanas para médio e longo prazo. Um dia seremos cobrados por isso.
Estudo com governo estadual
A Defesa Civil de Blumenau está ciente do problema. Não houve estudo anterior para saber qual será o impacto dos aterros da duplicação da BR-470 naquela região da cidade, mas há uma conversa entre a Defesa Civil do município e a Defesa Civil estadual para que esse levantamento seja feito o quanto antes.
Se esse estudo não sair antes da próxima enchente, é possível que essas respostas venham da pior maneira possível: na prática, com a água surpreendendo quem esperava por elas mais tarde ou quem nunca imaginou ser atingido por ela.