É compreensível que haja dúvidas na área da saúde em relação ao novo coronavírus. Esse diminuto organismo surgiu há poucos meses e leva tempo para que os estudos evoluam até as necessárias conclusões. O que não se pode admitir é a falta de entrosamento entre os que decidem como enfrentaremos a pandemia. Especialmente no Brasil o que se viu nessas semanas foi uma disputa ideológica e partidária da situação.
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Temos um presidente que não se acertava com o ministro da Saúde e nem mesmo com os governadores. Em Santa Catarina consta que nosso governador pouco ouve ou conversa com os prefeitos e ainda coleciona problemas de relação e opinião com quem está no governo e deveria estar ao lado dele.
Reflexo de toda essa disputa que pouco agrega, vemos na internet uma proliferação de especialistas de araque. Em vez de dar ênfase às conversas e discussões produtivas em torno do que pode aliviar as crises na saúde, na economia e na sociedade, o que se vê é uma disputa de certezas burras baseadas nas afirmações de quem pouco estuda ou só dá atenção ao que lhe convém, ao que, em tese, dá sustentação ao ponto de vista preconcebido com base no que nem sempre deveria servir de referência.
No meio de tanta confusão e incertezas institucionais, a população se lança às ruas. Mesmo sem saber se as recomendações de prevenção estão sendo seguidas por, no mínimo, uma parcela necessária da população capaz de diminuir o contágio a índices seguros e garantir as condições de atendimento digno aos pacientes de Covid-19 que ainda surgirão nos hospitais. Mesmo sem saber se a crise econômica foi, de fato, contida com a volta ao trabalho ou apenas vai ganhar mais força depois de um relaxamento que pode ter servido para lotar as UTIs no futuro próximo.
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Falta alinhamento responsável. Ouvi de muitos que este período seria de transformações profundas nos sistemas econômico e social. Pouco ouvi de mudanças políticas. No fundo, parece que sabemos que nesse aspecto, as trocas de diretrizes são mais difíceis do que imaginamos.