Neste mês em que celebramos o Dia Internacional das Jovens Mulheres nas TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação), faço uma reflexão sobre a minha própria jornada. Notei meu amor pela Tecnologia já no primeiro contato: durante um curso de “computação”. Eu, que nunca tinha visto um computador, achei a tecnologia fascinante e comecei a considerar a área como uma possibilidade de carreira.

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Naquela época, as áreas de Tecnologia nas empresas eram uma novidade. Poucos eram os profissionais e ainda menor era o número de mulheres. No entanto, nada disso me impediu de seguir por esse caminho. 

Comecei e vivi quase toda a minha carreira profissional em espaços considerados masculinos, desde a minha formação em Infraestrutura de TI e, depois, nos cargos que surgiram a partir desta opção. Quando ingressei na ENGIE Brasil Energia, em 2005, para atuar como coordenadora da área de Tecnologia, me vi entre dois setores que, embora diferentes, tinham características semelhantes: estavam em plena evolução tecnológica e com majoritária presença masculina.  

Depois de atuar por 13 anos com Tecnologia da Informação e Digitalização na empresa, em posições de coordenação e gerência, em 2020, fui a primeira mulher a assumir um cargo de alta liderança na companhia, como Diretora Administrativa. 

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Ser a primeira mulher na diretoria de uma das empresas mais relevantes no segmento de energia elétrica do país é um enorme desafio pessoal e profissional e, ao mesmo tempo, uma fantástica oportunidade. Sinto-me honrada por estar hoje nessa função, responsável por seis áreas de atuação transversal na Companhia: Suprimentos, Tecnologia da Informação, Meio Ambiente, Responsabilidade Social, Pessoas & Cultura e Comunicação. 

Continuo desempenhando um papel não só de representatividade de gênero, mas que também incentiva a derrubada de barreiras quando falamos de mulheres em áreas técnicas. Investir na educação de base, enfrentando vieses inconscientes e possibilitando que meninas tenham incentivo e oportunidades para se desenvolverem em carreiras de Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática (ou STEM, no termo em inglês) contribui diretamente para proporcionar a equidade de gênero hoje e no futuro. 

A inclusão digital é um importante meio de transformação social, redução das desigualdades e de atração de talentos para a área – como foi no meu caso, com toda minha carreira definida por um primeiro contato com a Tecnologia. A realidade do setor demanda muitos esforços para alcançar a equidade. Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), a presença feminina na área de TI cresceu 60% nos últimos 5 anos. Porém, mesmo com os avanços, elas representam apenas 20% dos profissionais da área no país. 

Durante a minha jornada profissional, pude verificar que, mesmo em diferentes regiões, a presença feminina no setor de energia ainda é muito tímida. Mesmo assim, conheci e venho conhecendo cada vez mais mulheres maravilhosas nestas áreas que reforçam a tese – largamente comprovada – que empresas diversas apresentam melhores resultados. Conheço também Companhias e gestores – homens e mulheres – genuinamente empenhados em promover uma maior presença feminina no setor. 

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Para mudar o cenário e proporcionar mais inclusão, o caminho é acreditar que a união e a soma de diversas ações resultam em impactos positivos na sociedade como um todo. É preciso escolher combater preconceitos e oferecer oportunidades para que mais mulheres possam alcançar os seus sonhos e construir suas histórias. Afinal, lugar de mulher é onde ela quiser.

*Por Luciana Nabarrete, Diretora Administrativa da ENGIE Brasil Energia.

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