A diversidade nas organizações começa a ser um tema amplamente debatido no país. As empresas passam a perceber que, no ambiente corporativo, manter times diversos e multidisciplinares é bom para os negócios. Uma equipe composta somente por colaboradores de mesmo sexo e classe social pode não contribuir com visões alternaltivas de pensamento.
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Para os times ágeis, com foco em inovação, a diferença é ainda mais gritante e as empresas do segmento de tecnologia já vêm desenvolvendo formas de tentar vencer essa dificuldade – como a criação de programas para atrair mulheres para programação. A diversidade de uma equipe com soft ou hard skills, em gênero e cultura, gera diferentes pontos de vista sobre uma ideia, experiência necessária para aprimorar processos e soluções.
A promoção da diversidade pode ocorrer na esfera étnico-racial, com público interno de mulheres, pessoas com deficiência e LGBTI+. Com um código de conduta que fortaleça esse objetivo, ter um programa de contratação com este olhar e apoio por meio de menção no código de conduta são algumas das formas de focar na diversidade. É possível discutir de forma periódica os avanços e dificuldades em reuniões, com envolvimento ativo dos colaboradores.

Segundo Diego Zagonel, que atua há 15 anos no mercado de tecnologia e inovação e hoje é Gerente de Inovação na Clamed Farmácias, enquanto a diversidade é mais focada no indivíduo, a multidisciplinaridade volta o olhar também ao diferente, mas em questão de habilidades. Normalmente, as empresas trabalham com especialidades alocadas em diferentes setores. No entanto, um time multidisciplinar, com pessoas integradas a vários tipos de conhecimento, visando a entrega final de um produto, com objetivo comum, tende a gerar uma entrega mais rápida e superior àquela feita de maneira isolada dentro das organizações.
O mais importante é qual a diferença no pensamento que cada pessoa vai poder passar para o time na organização. O especialista, que também foi mentor do programa iNovaSC, acredita que as empresas de ponta focadas em inovação já voltaram os olhares para o tema e buscam um pensamento não linear, difuso. Muitas vezes, o pensamento oposto complementa o da organização e ajuda a preencher lacunas.
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– Isso contribui para inovação e formação de empresa mais atual, que consegue olhar para o mercado como um todo, com diferentes personas, de forma mais personalizada. E não um pacote único para que todo mundo use. No fundo, é você saber extrair o melhor de cada ser humano, independente de raça, gênero, sexo. Lá no Vale do Silício, já é prática contínua recrutar pessoas de vários locais do mundo para que elas tragam suas vivências com pontos de divergência que vão gerar soluções mais aderentes – aponta.
Zagonel reforça que trazer pessoas com diferentes experiências para tirar a empresa de um pensamento linear é uma das bases da inovação. As startups e labs de inovação, por exemplo, buscam habilidades diferentes e que se complementam para que o time possa sair de uma ideia e, cada uma dessas pessoas complementa o entendimento com sua habilidade, até que isso se torne uma solução.
– Hoje a gente gosta de usar muito as habilidades dos designers como catalisadores de solução. Eles conseguem entender o cliente, organizar o pensamento do time para chegar a uma solução. Acho que é uma habilidade importante. Também costumamos usar muito a capacidade analítica das equipes de análise de dados para tomar decisões. Outra aplicação que também é necessária é trazer pessoas com skills de metodologias ágeis, pois apenas ter as pessoas não basta. A organização precisa de um método de trabalho eficiente, ágil e que tenha uma comunicação muito efetiva – elenca o especialista.
O fato é que as pessoas possuem formações e habilidades diferentes. Na hora de desenvolver uma solução, as empresas podem melhorar o processo ao saber extrair o que é melhor de cada um ou cada um colocar seu melhor ponto para fazer uma entrega completa. Com a diversidade em torno disso e pontos de vista diferentes, o resultado tende a convergir em uma solução melhor, com visão de acessibilidade.
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– Minha própria equipe de inovação segue essas premissas. No meu time tenho um rapaz 100% cego e traz uma pauta muito grande para gente. Quando ele entrou fez o time refletir muito sobre isso, que antes a gente não entendia de uma forma tão clara. Até algum tipo de deficiência contribui com esse processo porque a pessoa tem uma restrição e por isso ela traz uma nova visão de mundo. No fundo, ajudam as pessoas a saírem do formato linear e passarem para um complementar – completa.