Esta semana a notícia da retirada do mar da Bretanha, na França, de 504 garrafas do espumante Rosé, o Miolo Under the Sea da Vinícola Miolo, da Serra Gaúcha, vinhos que repousaram durante um ano, a 60 metros de profundidade. Este assunto viralizou na imprensa e grupos de profissionais do vinho. Esta é uma novidade aqui no Brasil, chamando a atenção de especialistas, amantes e curiosos do universo vitivinícola, porém no mundo esta técnica já é utilizada por alguns produtores de vinhos, que maturam seus vinhos no fundo do oceano, que afirmam, adquirem aromas e sabores únicos. E cada vez mais produtores adotam esta prática. São verdadeiras caves subaquáticas criadas nas profundezas, instaladas entre as rochas, ou mesmo escondidas nos destroços de navios naufragados. Pode parecer surreal, mas é pura realidade, e vamos combinar que tem um encanto inédito. O envelhecimento subaquático pode ser feito nas garrafas, que são colocadas em gaiolas de aço inox, ou em ânforas, que são grandes vasos de terracota, e os vinhos podem ser retirados para acompanhamento e verificação do processo de maturação.
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A ideia de envelhecer vinhos submersos na água pode parecer, à primeira vista maluca; porém, esta técnica vem conquistando cada vez mais espaço entre os produtores de vinho, que buscam por métodos inovadores.
As opiniões são muitas e diversas, desde aqueles que acham se tratar de estratégia de marketing, na tentativa de atrair consumidores pela “inovação”; até os que defendem que é realmente uma técnica que traz muitas vantagens, se comparadas ao envelhecimento nas caves tradicionais, pois se beneficia de ótimas condições do oceano, tais como: Pressão constante, ausência ou pouca luz, temperatura baixa e constante e relativa falta de oxigênio e silêncio proporciona uma aceleração do processo de envelhecimento do vinho. As vinícolas também buscam entregar uma “experiência visual” diferente aos consumidores, já que as garrafas ficam cobertas de conchas, corais e algas que se incorporam ao visual de forma casual; tornando cada garrafa visualmente única.
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As raízes dessa abordagem, vista por muitos com restrições, são muito antigas, muitas vezes o que parece inovador e visionário, nada mais são do que a evolução de uma uma abordagem distante e embrionária. Os gregos foram os primeiros a perceber o poder do mar sobre o vinho. Há 2.500 anos, na ilha grega de Chios, os moradores deixaram as uvas colhidas de molho no mar durante alguns dias, de modo a eliminar o véu fino que cobre a pele da uva, além de auxiliar na secagem das uvas, acreditava-se também que esta técnica ajudava a realçar as características aromáticas e gustativas das castas utilizadas para produção do vinho.
Na atualidade, uma descoberta foi crucial para que esta técnica voltasse a chamar a atenção dos profissionais da viticultura. Em 2010, mais de 100 garrafas de Champagne foram encontradas em um naufrágio, no fundo do Mar Báltico. Era um navio com destino à corte czarista em São Petersburgo em 1880, e estava carregado com garrafas preciosas. Quem provou desses vinhos, ficou impressionado e maravilhado com os sabores únicos que eles desenvolveram.
Alguns exemplos de vinícolas subaquáticas pelo mundo, Bodega Crusoe Treasure, localizada na Baía de Plentzia em Bilbao-Bizkaia, Espanha, a primeira vinícola submarina-recife artificial do mundo, com mais de 12 anos de experiência em pesquisa subaquática do mundo.
Na parte sul da Croácia, na Península de Peljesac, uma vinícola está levando seu amor pelo vinho a 25 metros abaixo da superfície do Mar Mediterrâneo. O Enólogo e mergulhador que armazena seus vinhos por 18 meses no oceano, quando questionado, porquê debaixo d’água? Argumenta: “o silêncio do oceano concede e abençoa o vinho com uma riqueza diferente de tudo o que se encontra acima do solo”.
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Santa Catarina também tem vinho do fundo do mar. A Vinícola Fama, de São Joaquim, na Serra Catarinense, e a Videiras Carraro, de Bento Gonçalves, na Serra gaúcha, que mergulharam seus vinhos por 12 meses, a doze metros de profundidade, dentro de gaiolas. A cada 60 dias foram feitas análises laboratoriais físicas e químicas para verificar a evolução e o processo de envelhecimento. Estes vinhos já foram para o mercado.
E você, já degustou algum vinho que estagiou no mar? Conte sua experiência!
Saúde!
Néa Silveira
@neasommeliere
Confira a agenda de eventos
Happy Wine – Vinhos no Lounge
Data: 21.11.2024
Local: LK Design Hotel
Horário: 19:00 Hs
Importadora: Rioja Luxury Wines – Espanha
Gastronomia: Osli Restaurante
Sunset em Blanc
Data: 23.11.2024
Local: Jardim Del Mar
Horário: Das 15:00 às 24:00 Hs
Produção; Roxy Scoz & Claudia Hoeller