Nos dois artigos anteriores falei sobre vinhos do Velho e Novo mundo. Mas faz sentido essa divisão rígida entre estilos? Tenho certeza que não! 

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É inegável que existem diferenças entre o mundo dos vinhos. Se dentro do mesmo continente elas já são grandes, imagine entre continentes tão diversos. Porém, tudo está em movimento e em constante mudança, e com relação aos vinhos não é diferente, com os hábitos cada vez mais globalizados, os estilos de produção vinícola também se tornam mais próximos, semelhantes, influenciando uns aos outros. 

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Observamos produtores do Velho Mundo criando vinhos no estilo do Novo Mundo por diversos motivos. Entre eles, podemos citar a redução de custos de produção devido ao uso de tecnologia, e o lançamento antecipado dos vinhos no mercado, já que mantê-los na vinícola representa dinheiro parado. Outro fator determinante para a mudança é que no mundo se consome muito mais vinhos “de entrada”, mais simples, de menor preço. Este fato é claramente perceptível quando vinícolas tradicionais europeias começam a produzir esta linha de vinho “mais fácil de beber”, que atrai uma parcela maior de consumidores, e rentabilizam a vinícola para a produção de vinhos mais nobres, cujo custo de produção é bem mais alto.

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Ao mesmo tempo, os vinicultores do novo mundo produzem cada vez mais vinho “estilo velho mundo”. Com maior cuidado na produção, desde o manejo dos vinhedos, passando pela escolha de cepas selecionadas, menor intervenção na vinificação e uso criterioso de produtos enológicos; que se usados de forma indiscriminada e abusiva produzem verdadeiros frankensteins e não vinhos, que deve ser somente mosto de uva fermentado.

Portanto esta divisão de estilos velho e novo, aos poucos está se tornando cada vez mais geográfica, e menos o conteúdo das garrafas e taças. Até porque o avanço da vitivinicultura no século XXI é enorme. Além do fato dos produtores do novo mundo não estarem apegados às características clássicas, dando mais espaço para a criatividade e a ousadia no processo produtivo de seus vinhos. Não estarem presos às tradições e costumes seculares, lhes permite passear pelos estilos desejados. No Velho Mundo, os produtores devem seguir rigorosamente regras e normas de produção extremamente rígidas que abrangem desde o plantio, as castas permitidas, a colheita e a vinificação, até o tempo de estágio em barricas. Essas regras variam conforme o país e a Denominação de Origem onde se encontram.

O velho e o novo mundo do vinho estão mudando, se adequando ao mercado mundial, à globalização, a abertura dos mercados, os meios de transportes mais rápidos que possibilitou termos em nossas taças, vinhos de todos os países, de todos os estilos e de todos os valores. E é isto o que realmente importa, ter ao alcance das nossas mãos uma bela taça de vinho. Neste momento a origem deixa de ser importante, dando lugar ao prazer que este vinho nos trará, olhando sua cor, sentindo seus aromas e os sabores que nos proporcionará, num ato de celebração à vida.

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