O frisson com o filme A Viúva Clicquot – A Mulher que Formou um Império agitou a semana ao ser apresentado em primeira mão nos cinemas do Brasil. A estreia com certeza levantou muitas taças com o mais famoso espumante do mundo, afinal, o longa conta a trajetória de Barbe-Nicole Ponsardin, cujo legado para o mundo dos vinhos é incontestável.
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O filme fez do champagne manchete em muitos veículos de comunicação. E há motivos de sobra para tantos holofotes: a vida dessa mulher extraordinária merece ser vista, aplaudida e reverenciada. Mas, sobretudo, ser sempre lembrada por quem produz esta bebida quase mágica que é o espumante.
Seu importantíssimo legado é incontestável, porém o tempo, infelizmente, muitas vezes apaga ou reduz a importância de quem veio antes, relativizando sua importância, ou ainda pior, distorcendo ou apagando seus grandes feitos. Para a grande maioria das pessoas, o nome Veuve Clicquot se refere a famosa garrafa de champanhe de rótulo amarelo, que é muito cara para os padrões médios de renda dos brasileiros, no entanto, o legado que essa verdadeira dama do vinho nos deixou é muito maior que isto.
Inserida em um contexto que tinha tudo para dar errado, Barbe-Nicole Ponsardin se viu viúva aos 27 anos, em mundo absolutamente machista, onde às mulheres cabia somente o papel de gerar filhos, criá-los e administrar a casa. Ao desafiar e transgredir as leis criadas pelos homens (e aqui falo de gênero mesmo), tornou-se uma das primeiras empresárias do ramo no mundo.
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Com o sogro literalmente no seu pescoço para vender a Maison falida para outros produtores; as guerras napoleônicas impondo embargos aos maiores compradores de champanhes e muitos outros fatores que contribuem para que tudo desse errado, esta mulher extremamente inteligente, persistente, acreditou no seu grande talento. Exímia degustadora, intuitiva, foi alquimista de assemblages nunca antes pensados e que são usados por todos os produtores da região de Champagne. Trabalhou muito, acreditando no enorme potencial do terroir da região, quando este conceito nem existia.
Hoje comemoramos 250 anos de um verdadeiro império, resultado de uma história que tinha todos os elementos para não prosperar, mas que graças à força, coragem, ousadia e confiança de uma única mulher, transformou o impossível na maior e mais linda história de superação e glória no mundo dos vinhos.