Em texto recente publicado aqui discorri sobre a existência ou não de leis para alfabetização, no Estado e em municípios catarinenses. Além de SC ainda não ter uma lei própria, segundo o levantamento realizado e divulgado recentemente pelo Ministério da Educação (MEC), apenas 29% de nossos municípios também as têm. Convenhamos, percentual pequeno para a pujança de SC.
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Volto ao tema pela relevância que entendo ter, não apenas no processo educacional, mas também para toda a vida dos estudantes. Para um bom percurso formativo e melhores resultados na educação, ler e escrever fluentemente é a base para assimilação de conceitos e competências, para o mundo do trabalho e trajetórias de vida.
Com uma boa alfabetização, e na idade certa, poderemos reduzir as desigualdades sociais e construirmos os fundamentos para superação dos desafios e obstáculos a serem enfrentados. Alfabetização vai além e impacta bem mais do que o processo de escolarização. É plantio para toda a vida.
No site do Instituto Ayrton Senna lemos que “estar ou não plenamente alfabetizado determina não só a vida presente das crianças, mas principalmente sua vida futura”, uma verdade inconteste. Uma boa alfabetização fará com que os estudantes encontrem maior facilidade de correlacionar as áreas do conhecimento, durante seus percursos formativos. O MEC lançou recentemente o “Compromisso Nacional Criança Alfabetizada” e, até aqui, 21 municípios de SC não aderiram ao mesmo. Trata-se de um programa de governo, não uma lei.
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Mais que uma política do governo de plantão, precisamos de iniciativas perenes, que não sejam descontinuadas ou então que dependam de quem está no poder, pelo fato de terem sido iniciada em outro governo. Urge que encaremos a educação como uma maratona, uma batalha continuada, que deve ser trabalhada exaustiva e determinadamente, e cuja base advém de uma boa alfabetização. Fará bem ao país um pacto definitivo pela boa alfabetização e que esse processo não seja descontinuado jamais, sob pena de continuarmos em débito para as gerações futuras.
Ao mesmo tempo que é gratificante ver uma criança demonstrando destreza na leitura e interpretação já no segundo ano do ensino fundamental, é preocupante ver estudantes que já avançam para os anos seguintes deste nível de ensino, sem ainda dominarem a leitura e interpretação de textos. Nosso estado já deu exemplos concretos de bons trabalhos realizados em esforço conjunto e em regime de cooperação com os municípios. A alfabetização na idade certa requer esse trabalho cooperativo concretizado novamente, na prática.
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Reforço o alerta aos gestores, tanto estaduais, quanto municipais, para que, atuando de forma célere e conjunta, tanto o Estado quanto os outros 71% de municípios catarinenses tenham também leis específicas para garantir uma boa alfabetização de crianças que iniciam seus estudos. Desta forma, haveremos de colher bons resultados no futuro.
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