Acompanho com preocupação o levante que está acontecendo no Brasil com questionamentos e proposições para revogação do novo modelo de ensino médio no país. Esse novo formato, implementado após longo período de construção e com ampla participação da sociedade, foi pensado, planejado e estruturado com a perspectiva de que os estudantes tenham um maior espectro de possibilidades e de novas oportunidades.

Continua depois da publicidade

Receba as principais notícias de Santa Catarina pelo Whatsapp

Perguntaria àqueles que defendem a revogação do novo modelo se eles viam pontos positivos no formato antigo, já que os jovens não saíam nem bem preparados para o vestibular e tampouco para o mundo do trabalho. Em SC, por exemplo, estudos que nos foram apresentados em 2019, davam conta que os estudantes agregavam muito pouco em termos de conteúdo e conhecimentos comparados àqueles que tinham quando completavam o ensino fundamental.

Natalino Uggioni: “Linguagem neutra, inclusão?”

Em outras palavras, é o mesmo que afirmar que eram jogados fora três anos de trabalho dos professores e funcionários, investimentos em tudo que gravita em torno do processo educacional, tempo e vida dos estudantes para nada, ou quase isto. O índice de abandono escolar e de repetência estavam altíssimos, culminando com níveis de qualidade muito aquém do esperado.

Continua depois da publicidade

O desinteresse dos estudantes pelo ensino médio era latente e urgia, portanto, que alguma alteração fosse posta em prática, com vistas à mudança daquele cenário por demais ruim e, por que não dizer, bastante desanimador. Eis que iniciamos a implantação do novo formato em escolas piloto, justamente como forma de experimentação e de modo a colher informações da base, de onde a educação acontece, para que os ajustes e correções fossem implementados.

Veja mais notícias sobre educação

É fato que nem tudo acontece como planejado e essa disparidade de tempos impacta diretamente no processo de educação. Uma obra interrompida, uma melhoria não executada a tempo, um processo de aquisição de equipamentos para montagem de laboratórios que não é finalizado no devido prazo, a falta de professores qualificados para determinadas disciplinas, mormente aquelas que exigem formação técnica, o tempo necessário para formação continuada, preparação e orientação dos professores, tudo acaba interferindo e impactando no processo.

Em 2022 todas as escolas do país passaram a oferecer o ensino médio no novo modelo, apresentando, no mínimo, dois itinerários formativos para escolha dos estudantes, sem abrir mão da Base Nacional Comum Curricular, BNCC, com carga horária mínima para a totalidade dos estudantes.

Natalino Uggioni: “Educação, gestão e resultados”

Isso posto, não me parece sensato a revogação do novo modelo, que significaria descartar anos de investimentos de recursos públicos e muito esforço, empenho e dedicação de todos que atuam para que esta etapa de ensino faça sentido na vida de cada estudante, considerando que sequer concluímos um ciclo completo neste novo formato.

Continua depois da publicidade

Leia outras colunas de Natalino Uggioni

O fato de cada aluno poder fazer as escolhas que entender mais adequadas para a vida e carreira, já configura um grande diferencial ao modelo antigo, onde todos recebiam o mesmo conteúdo. O propósito do novo formato é que os estudantes saiam do ensino médio melhor preparados para as vidas e carreiras, segundo as próprias escolhas.

Leia também:

Saiba como proteger o seu patrimônio em meio à crise

Fiesc inaugura academia para empresários e escola com ensino STEAM para crianças

Cinco erros ao planejar uma estratégia de estudos