A volta do atual presidente e partido dele ao poder no Brasil fez ressurgir novamente a linguagem neutra sob a alegação de inclusão. Será que isto é mesmo inclusão? O Supremo Tribunal Federal (STF) considerou inconstitucional uma lei estadual em Rondônia que proibia o uso da linguagem neutra nas escolas. O argumento foi de que os estados não podem legislar sobre educação. Será?
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Primeiro, é preciso lembrar que a linguagem neutra é uma afronta à Constituição Federal, que em seu artigo 13 reza: “A língua portuguesa é o idioma oficial da República Federativa do Brasil”. No artigo 24 temos: “Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre” e na alínea IX – “educação, cultura, ensino e desporto”.
Segundo dados divulgados, cerca de 2% da população brasileira se considera não-binária. Isso significa dizer que a adoção da linguagem neutra excluiria milhões de brasileiros. Dados disponibilizados pelo Instituto ABCD apontam que 4% da população brasileira é disléxica, que somam 8 milhões de pessoas. A dislexia tem consequência no processo de aprendizado, afetando a leitura, a soletração e também a escrita. A alteração na linguagem, significa, portanto, aumentar ainda mais a dificuldade em termos de aprendizado.
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Pessoas surdas também são impactadas pela linguagem neutra, uma vez que afeta a leitura labial dos que somam mais de 9 milhões de brasileiros. Os 6,5 milhões de deficientes visuais em nosso país também são prejudicados com o uso da linguagem neutra: nos materiais escritos em Braile ou softwares para leitura, sem falar da alfabetização de crianças cegas, que tornaria o desafio ainda maior para quem as está alfabetizando.
Sigo a mesma linha de argumentação da professora de português Cíntia Chagas, colunista da Forbes e autora de dois livros sobre língua portuguesa: “Quem diz boa noite a todos e a todas está sendo redundante. Quem diz boa noite a todos, a todas e a todes, está sendo ridículo”. E a professora segue com: “Não tenho nenhum problema com os não-binários, absolutamente nenhum. Mas há que se compreender a verdade. A linguagem neutra mais exclui do que inclui. É uma aberração linguística”.
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Com todo respeito àqueles que insistem em defender esse absurdo usando a inclusão como argumento, além de não acrescentar nada para a sociedade, configura-se em desperdício de tempo e de recursos. Quando presencio alguém cumprimentando com todos e todas, me pergunto para quê, se todos já engloba a totalidade dos presentes. Quando presencio cumprimentos que iniciam com todos, todas e todes, chega a doer-me os tímpanos.
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Urge concentrarmos esforços numa boa alfabetização das crianças, na idade certa, condição básica e fundamental para uma educação de qualidade, que impactará em todo o percurso formativo dos estudantes, nas carreiras e trajetórias de vida. A despeito de respeitar nossa língua nacional, o Brasil e os brasileiros agradecem.
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