Ainda no ano passado, uma legenda em um canal de TV onde o senador Randolfe Rodrigues (Rede) estava sendo entrevistado dizia: “O próximo governo será de reconstrução”. Fiquei meditando sobre aqueles dizeres, tentando encontrar alternativas e respostas do que seria essa tal reconstrução? Seria o retorno do fatiamento do Estado entre os apoiadores e partidos políticos? Pode ser. Seria a volta do estado gigante, paquidérmico, interferindo sobre tudo e todos, atrapalhando o ambiente de negócios e a diminuindo a confiança no país?
Continua depois da publicidade
Receba as principais notícias de Santa Catarina pelo WhatsApp
Colocar o país como o número um em ministérios na América Latina? Para fins de comparação, os Estados Unidos, com 320 milhões de habitantes (números redondos), tem a “grandiosa” soma de 14 ministérios, contra nossos atuais 37… Quem sabe poderia ser o abandono ao espírito de patriotismo, o amor aos símbolos nacionais e ao país onde vivemos, um retorno para o passado.
Poderia ser a volta dos déficits nas contas das empresas estatais, que estariam “arruinadas”; elas deram lucro de R$ 250 bilhões em 2022. No final do período Lula-Dilma o clima era de terra arrasada nas estatais, com a corrupção rolando solta. Temos ainda o desprezo ao pavilhão nacional, e a predominância do vermelho de volta aos eventos políticos, como vimos na cerimônia da posse.
Outras pautas da suposta reconstrução seriam revogar marcos importantes conquistados no governo anterior, como o do saneamento, rever a reforma trabalhista, estatutos do desarmamento, para citar alguns. Reverter o processo de privatização de empresas estatais, já em curso, também seria reconstruir o país. É que, com a privatização, sobrariam menos cargos para serem distribuídos, mas essa conta fica para os pagadores de impostos. Vale lembrar que o número de homicídios diminui no último período de governo. Então, vamos desarmar os cidadãos de bem, já os que agem fora da lei…
Continua depois da publicidade
Seria melhor para o país deixar de seguir o rigoroso processo para ingresso na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e voltar as atenções para a Unasul? Ah sim, pode fazer parte dos sonhos de quem quer se tornar rei da América Latina, então, bora reconstruir! Para que seja realizada a grande reconstrução, as mentiras precisam estar na pauta e disseminadas pela imprensa, a começar pela afirmação de que o novo governo recebeu “um país destruído” do antecessor. Repete-se o mesmo que foi dito em relação à FHC, no início do governo em 2003.
Quem mente sem se preocupar se alguém irá conferir os dados, não se preocupa em apontar um único número ou fato concreto para referendar o que estava falando. Ainda há quem acredite. O governo anterior acertou tudo? Evidente que não e seria ingenuidade esperar que qualquer governo consiga, mas que tivemos avanços importantes, qualquer cidadão com poucos neurônios atestaria que sim.