Sigo discorrendo sobre o documento da Conae, na sequência do texto que publiquei há uma semana. O resultado daquelas discussões e que consta no documento atual disponível é uma coletânea de expressões e definições, em defesa de uma linha de pensamento, dando mais ênfase ao enfrentamento das ideias de oposição, de direita. Mais que a educação, que deveria ser o foco central do texto.

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Como exemplo, o conteúdo refere-se à extrema direita, substituindo a até então direita do país, que é contrária aos princípios da esquerda, hoje no comando do governo central. Outras citações apontam “tempos de retrocesso político, grupos conservadores, pautas fundamentalistas excludentes, ruralistas, conservadores, machistas racistas, sexistas”, entre outros “istas”.

O texto refere-se também ao “pós-golpe”, na mesma insistência de que o impeachment da então presidente da República não fora um processo democrático. Cassar o mandato e, no entanto, manter os direitos políticos, isso sim, foi o início do rasgamento da constituição e um ato não democrático.

O conteúdo ataca as políticas conservadoras, sem dizer quais e, de quebra, defende o recrudescimento da violência policial, como se fosse uma medida que traria mais segurança para os cidadãos. O que isso tem a ver e como pode melhorar a qualidade da educação? Que mensagem pretende-se passar aos estudantes sobre segurança?

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Defende ainda o fim do homeschooling (ensino domiciliar) e das propostas ultraconservadoras, sem novamente apontar quais. Encontramos por lá que “o outro lado pede e defende escola sem partido”. E desde quando a educação deve ter partido? Educação de qualidade precisa ser apartidária. Educar para o mundo, não para uma ideologia.

As prioridades devem estar focadas no conteúdo a ser trabalhado na relação professor-aluno, de modo que os estudantes tenham as melhores orientações e sejam melhor preparados para suas vidas e suas carreiras. Segue apontando que ações seriam então movidas por ideologias extremistas. Deveria considerar que as ações da extrema esquerda também são condenáveis. Extremismos não são bons, para nenhum dos lados.

Refere-se ainda a estudos, sem citar quais, apontando que “ataques são premeditados e realizados por indivíduos jovens, brancos, do sexo masculino”, numa clara discriminação e segregação, ou o velho “nós contra eles”, novamente. O texto defende o fim das privatizações. Novamente, o que isso tem a ver com educação? Seria por defender um Estado grande, inchado e interferindo cada vez mais na vida das pessoas e nos negócios?

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O governo deve priorizar saúde, segurança, educação (sem doutrinação), logística, e criar as melhores condições para o desenvolvimento e a qualidade de vida das pessoas, facilitando a geração de emprego e renda, trazendo dignidade. Nesse contexto, permanece firme e atual a frase de Martin Luther King: “O que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons”.

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