Quando do encerramento da vida pública, em uma reunião na Federação das Indústrias, Jorge Konder Bornhausen destacou o orgulho por ter colecionado adversários na política, não inimigos. Assim deve ser a política numa democracia saudável. As discussões precisam girar no campo das ideias e argumentos sólidos, baseados em fatos e dados, não em narrativas.
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Eis que uma militante petista, aqui do nosso Estado, em uma transmissão ao vivo, manifesta-se com veemência gravíssima, pregando a destruição de Michelle Bolsonaro. Para ela, trata-se de “uma carta chave; se a gente não arrumar um jeito de destruir ela politicamente, e quiçá de outra forma, jurídica, por exemplo, comprovando os crimes e tornando ela também inelegível, nós vamos arrumar um problema para a cabeça”.
Uma fala ruim, rechaçável sob todos os aspectos e que mereceria repúdio das feministas do país. Mas como ela de esquerda, então pode. Não, não pode não! É fato, e nisso a protagonista da fala tem razão, que o partido tem dificuldades de se relacionar com o público, ao tempo em que a ex-primeira-dama “apresenta um poder de comunicação muito forte”. Mas não é só esse aspecto que merece ser apontado de Michelle. Ela apresenta-se como uma dama, é elegante, é inteligente, não usa de baixaria, tampouco faz ameaças contra os adversários. A postura dela está pautada no campo das ideias e de argumentos concretos, em defesa de valores e bons costumes e para o bem do Brasil.
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Para a petista, “Michele é infinitamente melhor que Bolsonaro”, daí a defender a necessidade da destruição, é inconcebível e inaceitável. Essa fala aponta também para o enorme capital político do ex-presidente, que assim precisa ser atacado de todas as formas, o tempo inteiro, atribuindo-se a ele tudo de ruim que está acontecendo no Brasil.
Enquanto Bolsonaro e Michelle mobilizam multidões por onde passam, o presidente e os líderes do PT não conseguem sair às ruas, sob pena de serem vaiados. Seria de se esperar uma manifestação da atual primeira-dama, condenando e repudiando aquela fala esdrúxula, mas aí falta uma dose de elegância para fazê-lo.
E onde anda a manifestação do ministro dos Direitos Humanos? Só enxerga e dá o ar da graça quando as falas são contra a esquerda, contra a direita, passam ao largo do ministério. E em outro acesso de completa falta de elegância e compostura, a presidente do PT inverte completamente a leitura dos fatos, acusando quem fora alvo da proposta de ser destruída.
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Para Gleisi Hoffmann, Michelle teria realizado uma “violenta campanha de perseguição” nas redes sociais contra duas apoiadoras do PT e, de quebra, disse que a ex-primeira-dama “gosta de se fazer de santa”. Se alguém da direita pregasse a destruição de Gleisi, imaginemos a tempestade decorrente.
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Não, não é isso que espera-se dos representantes do povo. Saudade dos bons políticos que colecionavam adversários, sem pregar a destruição.
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