Já citei aqui e volto a recomendar o livro “País mal educado” a todos que têm interesse no tema educação, cujo autor Daniel de Barros aborda com muita propriedade. Um dos pilares tratados na obra destaca que, “para ser um bom professor é preciso gostar de estudar” e “o impacto da qualidade do professor na aprendizagem é muito significativo. Ou melhor, o mais significativo”.
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A motivação para a carreira do magistério passa, necessariamente, por uma remuneração atrativa, o que não é realidade no Brasil. Segundo o autor “a escolha de quem se torna professor no Brasil é feita de forma muito menos criteriosa do que a de quem vai ser advogado, engenheiro, enfermeiro ou médico. Se o objetivo é ter uma educação básica de qualidade… ainda não encontramos o caminho… há algo de muito errado na forma como preparamos e selecionamos nossos educadores”. Ao focar em quem forma professores, temos que “as licenciaturas falham no cumprimento do seu papel mais elementar: ensinar a ensinar”.
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A professora Maria da Assunção Calderano, da UFJF, afirma haver “um abismo entre a academia e a educação básica. Os acadêmicos muitas vezes passam direto da graduação para o mestrado, depois para o doutorado e aí se tornam formadores de professor sem que eles mesmos tenham tido experiência relevante no chão da escola”. Uma formação assim tende a não resultar em bons resultados. Nesse sentido é fundamental “uma discussão profunda sobre o que se ensina nos cursos de professores… mas mexer com a autonomia das universidades no Brasil, é um desafio que os ministros não têm se disposto a enfrentar”.
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Ao constatar que “não há nenhum país onde os alunos aprendem mais do que seus professores são capazes de ensinar”, pode-se inferir a razão do baixo resultado que vimos alcançando na educação. “Punir professores faltosos com perda de remuneração tem impacto significativo na aprendizagem”, mas ai do gestor que se atreva a querer fazê-lo.
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“A BNCC está estruturada a partir de dez competências que dialogam com os conceitos socioemocionais”, porém, para que cheguem na ponta, onde a educação acontece, “o maior desafio é ensinar os professores a desenvolver essas habilidades pedagogicamente”.
No site “Escola educação”, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2022 aponta que a valorização continua sendo uma realidade distante para milhares de professores e demais profissionais que atuam na educação. “Um dos dados indica que 46% dos professores do ensino fundamental público recebem remuneração inferior ao piso nacional”. Quando comparados aos dados da Organização para Cooperação do Desenvolvimento Econômico (OCDE) o salário dos professores brasileiros é inferior ao de colegas de outros países daquela entidade.
Leia outra coluna de Natalino Uggioni
A boa formação e seleção de professores, um bom currículo, educação integral e boa gestão são fatores críticos de sucesso para uma educação de qualidade.
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