As mulheres ainda são minoria no mercado que abrange o seguimento de vinhos. Mas precisamos salientar que este número vem crescendo significativamente. A representação desse crescimento pode se ver através da participação feminina como enólogas, sommeliers, jornalistas e influenciadoras que vem se especializando em vinho. Um mercado que cresce com o olfato e paladar apurado desse time.
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No concurso espumante brasileiro que aconteceu na cidade de Garibaldi – RS, entre os dias 13 a 15 de outubro, e que este ano bateu recorder de mostras de espumantes inscritos, totalizando 425 e representado por 93 vinícolas de todo o Brasil.
E para analisar todas essas amostrar tivemos um time feminino super bem representado.

A cada ano que passa esse número de mulheres vem crescendo. Um total de 45 jurados sendo que 20% eram mulheres e uma mulher como presidente de mesa do júri. Bruna Cristofoli enóloga da Vinícola Cristofoli comenta que – “O mundo do vinho como negócio agrícola que é, ainda é dominado pelos homens, nós mulheres estamos aos poucos avançando neste meio e buscando “equilibrar a balança”, dando também o nosso olhar e a nossa contribuição. Eu gostei muito de participar como Presidente de Júri, nunca tinha exercido esta função em um Concurso e me senti muito privilegiada em representar as mulheres nesta função”.
Bruna ainda ressalta que – “Dentro de um Concurso de vinhos é importante ter uma multiplicidade de tipos de profissionais (enólogos, sommeliers, jornalistas, especialistas), por isso ter um número equilibrado de homens e mulheres também é importante para que as notas sejam bem representativas. O Concurso é importantíssimo para enaltecer as qualidades e a tipicidade do espumante Brasileiro”.
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Outra jurada que representou esse grupo foi Maria Amélia Duarte Flores, enóloga e embaixadora do turismo de Garibaldi – RS. Para Maria marcar a presença feminina em um concurso de espumantes, é muito além de uma quebra de paradigmas é uma tendência, uma virada. Com a imagem criada como masculina, o mundo da uva e do vinho, em toda a sua cadeia, ter em 2021 como agente transformador econômico as mulheres. “Elas passaram a comprar, consumir, compartilhar com amigas, estudar, sair para beber espumantes. E Isto não é de agora, nós sabemos que sempre estiveram lá (basta ver a história da Viúva Clicquot), mas é necessário falar sobre o tema, abrir a polêmica. Me orgulho de ser parte desta história e fico feliz em brindar e comemorar sim a conquista deste espaço. O que precisa seguir adiante, até o dia em que a presença feminina não precise ser um tema “a parte”, mas simplesmente, um fato normal”.

Em conversa com Juciane Casagrande enóloga e sócia da Amitié Vinhos e Espumantes, sua ênfase é para responsabilidade técnica de participar do concurso – “para mim é uma responsabilidade muito grande, pois o gosto pessoal tem que ser deixado de lado e imprescindível que seja feita uma análise totalmente técnica de avaliação da amostra”.

Para Cláudia Stefenon enóloga, mestre e Doutora em biotecnologia – “É fato que historicamente, as enólogas sempre exerceram papéis secundários no mundo do vinho brasileiro. Felizmente isto vem mudando já há algum tempo e, como era de se esperar, estão se tornando protagonistas. Apesar de ainda estarmos em uma sociedade patriarcal e alicerçada num contexto de sucessão familiar, os desafios da ruptura moderna estão impulsionando a visão feminina nos negócios em geral. Como somos portadoras de um saber fazer plural, tenho certeza de que temos muito a somar na consolidação do vinho nacional.

A sommelier, bartender e Jornalista Silvia Mascella Rosa, vencedora do Troféu Vitis da ABE em 2012. Vê um aumento na participação feminina nas degustações e concursos. – “Ainda que lento, isso é positivo, claro. Mas não depende apenas de que o espaço seja aberto para nós, depende também de nosso trabalho e dedicação, honestidade e estudo. É preciso ser profissional, independente do gênero. E como profissionais devemos nos ver e nos fazer sermos vistas”.
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