Impactantes, assombrosas e desconcertantes as acusações feitas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal do Rio de Janeiro, as duas instituições que investigaram atos de corrupção liderados por Michel Temer, sobre os fatos que motivaram a decretação da prisão do ex-presidente pelo juiz federal Marcelo Bretas.
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A entrevista dos quatro procuradores da República e de quatro delegados da Polícia Federal teve revelações chocantes. Eles afirmaram várias vezes que Michel Temer era “chefe de uma organização criminosa”. E que esta quadrilha agia no Brasil há 40 anos, com atos de corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro. Outra revelação impressionante: o total de propinas pagas totalizou R$ 1,8 bilhão.
Realmente inacreditável! Se o que anunciaram MPF e PF for comprovado na Justiça, o Brasil estará diante de outro gigantesco escândalo de corrupção, mais duradouro até que o Petrolão do PT, em termos de desvio de dinheiro público.
São muitas as análises e leituras sobre estes fatos relacionados com a prisão de Michel Temer, Moreira Franco e seus comparsas. A primeira a ser destacada é o trabalho minucioso, sigiloso, de inteligência e muita acuidade da Polícia Federal, que há anos monitora estas ilegalidades que resultaram em milionárias propinas. A segunda: a Lava-Jato está viva e agora demonstra até mais musculatura, com a prisão de um ex-presidente e um ex-ministro. A terceira: equivocam-se os políticos e parlamentares envolvidos em falcatruas que apostavam na impunidade das últimas decisões do Supremo, remetendo para a Justiça Eleitoral os crimes eleitorais de caixa 2, que surrupiaram bilhões dos cofres públicos.
Finalmente, a operação sepulta a tese do PT de que a Lava-Jato priorizava Lula e as esquerdas. Há outros na linha de tiro.
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Silêncio
Detentor do principal mandato parlamentar no MDB de Santa Catarina, o senador Dário Berger comunicou através de sua assessoria que não irá se manifestar sobre a prisão do ex-presidente Michel Temer.
O fato político deverá influenciar a decisão de Berger sobre a eleição do novo diretório estadual do MDB. O senador já andava desiludido com o comando nacional. Vai aguardar os acontecimentos.
Quadrilha
O prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro, falou sobre a prisão de Temer, destacando que sua relação com o ex-presidente “era meramente partidária e institucional”. Sua campanha em 2016 contou com a presença de Temer. Loureiro voltou a criticar a conduta da direção nacional do MDB, onde se sente desconfortável. A prisão de Temer só agrava a situação. Completou: “O problema é que a direção nacional do MDB era integrada por lideranças que formavam uma verdadeira quadrilha”.
Fora do MDB
O vice-presidente do diretório estadual do MDB, deputado Valdir Cobalchini, que se distancia do partido, admite que fica ainda mais desconfortável com a prisão de Temer. Ele afirmou: “Nunca tive qualquer encontro e sequer há fotografia minha com Temer. Nunca concordei com a postura da executiva nacional do MDB, por ele presidida por mais de 15 anos”. Cobalchini já examina saída e opção por outro partido.
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Visita
Em 16 de maio de 2018, o presidente Michel Temer realizou a última viagem a Santa Catarina. Veio para a abertura do 90o Encontro Nacional da Indústria da Construção Civil, realizado no Centro de Convenções Luiz Henrique da Silveira, em Canasvieiras. Foi uma passagem muito rápida, quando anunciou crédito de R$ 44 milhões para sete municípios de SC.
A delação
A prisão do ex-presidente Michel Temer teve como fato relevante na Operação Descontaminação o conteúdo da delação premiada do empresário José Antunes Sobrinho, da Engevix, empresa criada em Florianópolis e com sede em São Paulo. Ele revelou ter pago R$ 1 milhão, “em cash”, ao coronel Lima, em nome do ex-presidente. A Engevix teve participação em várias licitações, com pagamento de propinas, sobre plataformas de petróleo, a usina de Angra e concessão de aeroportos.