Gerações que viveram no século 20 testemunharam tempos muito diferentes dos atuais nas celebrações da Páscoa aqui em Santa Catarina. O ritual dos cristãos, em geral, e dos católicos, em particular, permanece o mesmo. Missa da Crisma e do Lava-pés na quinta, suspensão das atividades litúrgicas na Sexta-Feira Santa, lembrando a morte do Senhor, a festa do Sábado de Aleluia e os grandes eventos do Domingo de Páscoa.
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Mudou tudo para a maioria da população. Na Sexta-Feira da Paixão, os fiéis – a maioria – não comiam carne e jejuavam, em respeito à morte de Cristo. Ninguém trabalhava. As mães nem pegavam na vassoura para a limpeza da casa. As emissoras de rádio só tocavam música clássica e motivadoras de reflexão. Ninguém ousava fazer buraco na terra. Atividade laboral, apenas o essencial. As igrejas cobriam todos os santos com tecido roxo em outro simbolismo da data fúnebre.
O Sábado de Aleluia, ao contrário, era de muitas festas familiares e comunitárias. No social, prevaleciam cardápios à base de carne, com preferência para o tradicional churrasco. Nos locais públicos, sobretudo, nas periferias, a garotada se reunia para tripudiar sobre os políticos “homenageados” com o nome de Judas, o boneco de pano pendurado no poste ou nas árvores mais visíveis. A partir do meio dia, a malhação do traidor. Fogo no boneco e a gurizada com pedaços de pau a destruí-lo. Brincadeira sem muita graça. No interior da Ilha e nas localidades açorianas, imperava a farra do boi, que costumava prosseguir até domingo, quando então o animal era morto, carneado e a carne dividida.
Domingo era a festa da criançada na procura de ovinhos e cestas de chocolate escondidos nos jardins ou dentro das casas. E a Missa da Aleluia.
A Semana Santa hoje é reservada ao descanso, às viagens, com grupo minoritários participando da Via Sacra ou preservando a liturgia.
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Tempo de mudança e conversão, a Páscoa hoje muda muito pouco.