Um dos maiores credores, senão o principal, da coligação do MDB com o PSDB, para a disputa ao governo do Estado e Senado nas eleições de 7 de outubro em Santa Catarina, foi o governador Eduardo Pinho Moreira. Muitos líderes dos dois partidos participaram de múltiplas conversas nos últimos dias. Mas nenhum com tanta influência como a do governador.
O primeiro sinal de que os dois partidos caminhavam na mesma direção foi dado na reunião da executiva, realizada às 8h da manhã de sábado, portanto, duas horas antes de ser instalada a movimentada convenção estadual do MDB, no auditório Antonieta de Barros, na Alesc.
A decisão da cúpula de evitar a disputa ao Senado dentro da convenção, obtida com o respaldo dos candidatos ao Senado Paulo Afonso Vieira, Valdir Colatto e Edson Piriquito, projetou a unidade do MDB, fato registrado nos discursos dos principais parlamentares e lideres. Mais do que eliminar o risco de divisão interna, abriu-se a garantia de que as tres vagas – vice-governador e duas vagas ao Senado – estavam abertas para negociações com o PSDB. Era a principal via a ser perseguida por todo o comando do MDB.
Por isso, a Convenção Estadual aprovou a candidatura de Mauro Mariani ao governo e a aliança com o PPS, indicando Carmen Zanotto de vice, e com o PR, com Jorginho Mello ao Senado. O presidente do PR seria, a rigor, a âncora, para conversações com o PSDB em torno de dois cargos: vice-governança e segunda vaga para o Senado. Foi o que ocorreu.
Eduardo Moreira falou várias vezes com Geraldo Alckmin. Eles já mantêm sintonia fina, embora hoje em partidos diferentes, desde a Assembleia Nacional Constituinte, quando ambos eram deputados federais. A partir dali, a amizade foi se consolidando. Prova maior desse relacionamento.
Ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin foi a mais prestigiada presença política no casamento de Eduardo Pinho Moreira com Nicole Torret, em 30 de setembro de 2017. Foram múltiplas as declarações do governador de que seu candidato a presidente da República era Geraldo Alckmin. Conversas incontáveis pelo telefone ou pessoalmente marcaram os últimos meses. Inclusive, com visitas de Moreira ao escritório de Alckmin na capital paulista, quando já não era governador.
Moreira acrescentou nos últimos contatos outro argumento: o de que o PP já estava oficialmente com Alckmin, por meio da senadora Ana Amélia Lemos, candidata a vice-presidente. Encurralou os progressistas.
O comando nacional estava convencido da importância dos tucanos de Santa Catarina aliarem-se ao MDB. Faltava apenas a concordância de Paulo Bauer, que resistiu sempre. O senador recebeu vários pedidos pessoais na convenção Nacional do PSDB em Brasília e telefonemas para que cedesse, viabilizando a aliança.
Faltavam dois outros gestos: o presidente do PSDB, Marcos Vieira, abdicar das candidaturas a vice ou senado e Napoleão Bernardes, já homologado postulante ao Senado, aceitar ser vice de Mariani. Quando essas três peças deram sinal verde, o acordo foi fechado.
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