Ainda não se pode dimensionar precisamente os efeitos da decisão da União Europeia de interromper a compra de carne de frango do Brasil devido a suspeitas de fraude no controle sanitário. Mas é sabido que o impacto será grande na avicultura catarinense – o Estado é um dos principais exportadores do produto. A empresas mais afetada pela decisão europeia, a BRF, opera em três plantas no Estado. O presidente da Federação da Agricultura do Estado de Santa Catarina, José Zeferino Pedrozo, avalia o cenário.

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Quais os efeitos do embargo da União Europeia sobre venda de frangos?

Já estamos sofrendo os reflexos deste embargo. Começou com a decisão do Ministério da Agricultura antecipando-se, na esperança de curto prazo para resolver os problemas pendentes. Tinha expectativa de evitar o embargo europeu. O fechamento de unidades pela Europa atinge diretamente nossa economia, alicerçada no agronegócio, aves e suínos. Nosso produto é bom, tem qualidade sanitária e aprovação em todo o mundo. O argumento da União Europeia tem a ver também com o sistema protecionista de seu mercado.

 

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Há prazos?

Creio que vai demorar algum tempo para convencermos o mercado europeu sobre a comprovada qualidade de nossos produtos.

 

Não foi equivocada a intervenção prévia do Ministério da Agricultura?  

O Ministério procurou se antecipar, em especial, depois do que ocorreu com a Operação Carne Fraca, que contribuiu para o embargo. O processo de recuperação é moroso. Temos que agir rapidamente e nos preparar bem. Nós é que criamos esta situação e temos que resolver. O mercado lá fora está sempre ávido para encontrar pretexto para embargos.

 

E a solução?

É preciso que o Ministério da Agricultura e as agroindústrias se mobilizem para mostrar a União Europeia que o problema levantado está resolvido. A situação é grave porque dependemos da exportação. O mercado interno não tem como consumir nossa produção. Nossa economia não merecia sofrer mais esta impacto.

 

O que já está ocorrendo no setor em Santa Catarina?

Nossas agroindústrias estão dando férias coletivas na expectativa de solução. Se for de longo prazo, a situação se agravará, com risco de demissões e crise em toda a cadeia produtiva. É preciso alertar também que nossas indústrias não estão mais sob controle de empreendedores catarinense. Com exceção da Aurora, dirigida por catarinenses, as demais estão nas mãos de grandes grupos. No passado tínhamos um sentimento humano. Agora, o comando está fora do Estado, o que pode gerar consequências mais drásticas para os produtores e a população.

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