Confira a entrevista com o presidente da Associação Catarinense de Medicina, Ademar Paes Junior:

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Qual a reação da ACM sobre a decisão do governo cubano de retirar os médicos do Brasil?

Ademar Paes Junior: São absolutamente plausíveis as exigências feitas pelo governo de transição do presidente eleito Jair Bolsonaro. A validação do diploma de médico é norma jurídica de igualdade dos demais países do mundo. A Associação Catarinense de Medicina tem posição clara: a de que não seja dado tratamento diferente aos médicos cubanos daquele dado aos médicos de outros países. Se um profissional da Nova Guiné ou de Harvard quiser trabalhar no Brasil terá que receber o mesmo tratamento, com revalidação do diploma.

E a chamada “escravidão” do pagamento dos cubanos?

Ademar Paes Junior: O pagamento deve ir diretamente para o médico que prestou o serviço. Isto é básico. É absurdo aceitar que o governo cubano retire 75% do salário, como se fosse um imposto governamental. O direito de os médicos trazerem seus familiares também é fundamental. É normal. A negativa do governo de Cuba de permitir que os médicos viessem sem suas famílias caracteriza um regime ditatorial.

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E como fica a situação em Santa Catarina?

Ademar Paes Junior: Aqui são entre 200 e 250 médicos cubanos, que ocuparam cargos de médicos já contratados. As prefeituras demitiram os médicos locais para economizar, porque os cubanos eram pagos pelo governo federal. Podem agora fazer processos seletivos e logo a abertura de concursos, para não deixar a população desassistida.

E qual a avaliação sobre o trabalho dos cubanos?

Ademar Paes Junior: O programa de avaliação foi muito pouco aplicado. Na prática, não aconteceu. Outro problema grave é que os médicos cubanos não tinham registro no CRM, mas só no Ministério da Saúde. Assim, nenhuma reclamação era enviada ao Conselho Regional de Medicina. Há total falta de transparência sobre a atuação dos médicos cubanos. Faltou controle sobre a assistência.

 

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