Confira entrevista com Maílson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda, concedida em visita a Florianópolis: 

Continua depois da publicidade

 

O que pode ocorrer com a economia brasileira depois das eleições?

Depende de quem seja o eleito. Creio que estamos caminhando para eleger um candidato de centro, comprometido com as reformas, capaz de adotar as medidas necessárias para evitar um colapso fiscal no Brasil. Precisa agir com habilidade e capacidade de articulação para angariar apoio parlamentar às propostas e simpatia e apoio da opinião pública. Sem as reformas, o país vai para o colapso fiscal e econômico.

 

Continua depois da publicidade

Por quê?

O Brasil tem hoje mais a perder com a eleição de um populista do que teria se um populista tivesse sido eleito em 1989. O pais está muito melhor, as instituições se consolidaram, o Banco Central é independente, não temos inflação, o balanço de pagamentos está saudável, reservas internacionais superiores à divida externa. Mas agora temos um calcanhar de Aquiles sério que é a situação fiscal. Isto pode nos colocar num calote puro e simples, como a Grécia, ou numa situação grave em que o Banco Central perde a capacidade de garantir a estabilidade da moeda. Aí, voltaremos à inflação e sem controle, o que seria uma catástrofe, pois o país está mais urbano e isto agravaria as desigualdades sociais e a violência. Um colapso fiscal afetaria a imagem do Brasil lá fora, atingiria a gestão macroeconômica, criando grandes incertezas nas empresas multinacionais. Cerca de 5 mil empresas brasileiras têm hoje negócios no exterior. Temos que eleger um presidente responsável.

 

O que o eleitor deve fazer para estes compromissos?

Acho que deve prestar atenção às características dos candidatos populistas. É fundamental valorizar a experiência, a serenidade, a capacidade de liderar e transmitir ideias.

 

O senhor identifica os populistas?

São o Jair Bolsonaro e o Ciro Gomes.

 

E mais equilibrado?

Creio que hoje só o ex-governador (de São Paulo) Geraldo Alckmin incorpora este conjunto de atributos que levaria o Brasil a se livrar de uma saída populista. Eu acredito neste caminho. O eleitor brasileiro só se conecta com a eleição a partir de agosto, quando começa a campanha no rádio e TV, que este ano também terá importância decisiva.

 

Leia outras publicações de Moacir Pereira