*Por Renato Igor, interino
A presença do ex-presidente Lula em Santa Catarina neste sábado provoca constrangimento na Assembleia Legislativa e reação nos meios políticos. A caravana Lula passa por Florianópolis e Chapecó, no sábado, e Nova Erechim e São Miguel do Oeste, no domingo. Na programação oficial não consta a entrega do título de cidadão catarinense, honraria aprovada no Palácio Barriga Verde em 2008. O PT teme protestos, quer uma solenidade discreta. Mas o certificado será entregue, embora o local não esteja definido ainda, conforme antecipado ontem nesta coluna.
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São necessárias três assinaturas para o certificado. Apenas a deputada Ana Paula Lima (PT), que conduzirá o ato, o presidente da Alesc, Aldo Schneider (PMDB), e o proponente da homenagem, o ex- deputado Jailson Lima (PT), assinaram. O presidente da casa, entretanto, não quer sair na foto. O primeiro secretário, Kennedy Nunes (PSD) se negou a assinar, inclusive fez vídeo em sua rede social explicando. O segundo secretário, Mário Marcondes (PMDB), não foi procurado para assinar, mas disse que não o faria.
Houve reações de políticos e nas redes sociais. O diretório estadual do Partido Novo divulgou nota de repúdio à concessão de título de cidadão catarinense “a um condenado em segunda instância por corrupção e lavagem de dinheiro”. O vereador liberal de Florianópolis, Bruno Souza (PSB), prometeu aos seus seguidores nas redes sociais ir à Justiça para impedir a entrega do certificado que “ataca frontalmente a transparência da administração pública, por não divulgar local nem data para um ato oficial”.
A Assembleia Legislativa aprovou no dia 8 de maio de 2008 o título à Lula em duas votações. O voto não foi nominal. A aprovação foi por unanimidade com registro de 34 e 29 deputados, respectivamente. A tramitação foi rápida, apenas dois meses. O então líder do governo, Herneus de Nadal (PMDB), hoje conselheiro no Tribunal de Contas, à época disse ao DC: “Lula conhece o Estado, tem parentes e familiares aqui”. A filha de Lula, Lurian Silva, morava em Florianópolis.
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O fato é que em 2008 Lula surfava a onda da boa popularidade de seu governo. Havia político que viajava apenas para conseguir uma foto com o então presidente para usar como material de campanha eleitoral. Hoje, condenado, e prestes (será?) a ser preso, tem efeito radioativo.
Em 2008, Dilma Rousseff era ministra- chefe da Casa Civil. Era a mãe do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). Lula tinha como ministro de Integração Nacional Geddel Vieira Lima, hoje preso após a descoberta de R$ 51 milhões num apartamento atribuído a ele, em Salvador. A ministra do Meio Ambiente era Marina Silva. Os três, juntos, estavam lançando o Plano Amazônia Sustentável.
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