Há exatos seis anos, Santa Catarina chorava a morte de um de seus mais brilhantes filhos com o falecimento inesperado do advogado, professor, desembargador aposentado, escritor e amigo Norberto Ulyssea Ungaretti. Deixou um legado excepcional de serviços profissionais, públicos, comunitários e espirituais a todos os catarinenses.

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Na apresentação do livro que pesquisou durante mais de 15 anos, sobre a vida e obra de Jerônimo Coelho, lançado no final do ano passado pelo Grande Orienta de Santa Catarina, escrevi: 

“Norberto Ulyssea Ungaretti, nome que se pronuncia até hoje com o mais profundo respeito e admiração,  era um ser humano singular, dotado de uma cultura excepcional, de uma memória invejável e de inquebrantável firmeza em relação aos princípios éticos e valores humanos, ensinados e praticados durante toda sua vida. Não há excesso algum em proclamar que foi espírita e cristão até a medula. 

Por onde passou, deixou exemplos extraordinários de cidadania e de solidariedade humana na política, no magistério, na advocacia, na magistratura, na academia e em incontáveis instituições que tiveram sua voluntária atuação ou criativo comando.

O livro que nos legou sobre Jerônimo Francisco Coelho é fruto de um excepcional esforço de pesquisa durante mais de uma década, naquele que já se transformou, antes de ser editado e lançado, no mais completo estudo sobre o fundador da imprensa e da maçonaria de Santa Catarina já escrito no Brasil.

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Uma dedicação comovente que incluiu incontáveis consultas a historiadores catarinenses e de outros estados, múltiplos genealogistas, o aluguel de um espaço ao lado de seu escritório no segundo andar do Ceisa Center — a Sala Jerônimo Coelho —, no centro de Florianópolis, e a contratação de pesquisadores no Rio de Janeiro, tudo pago com recursos próprios, sem um único real de órgãos públicos ou particulares.

Mais adiante assinalei que como ele afirmou: 

“Para mim é uma realização pessoal, porque há muitos anos trabalho nesse projeto. Nasci na casa de meus avós maternos, à rua Jerônimo Coelho, na Laguna. Fiz todo o curso primário, como à época se chamava,  no velho Grupo Escolar “Jerônimo Coelho”, onde tive como primeira professora (e até ao segundo ano) minha  mãe, profª Otília Ulysséa Ungaretti, que ali lecionou durante todo o longo exercício de seu magistério, assim como meu  tio prof. Romeu Ulysséa. Minha prima-irmã Elisabeth Ulysséa Arantes (Betinha) também ali lecionou. 

Ali estudaram meus quatro irmãos, sobrinhos, primos, centenas de parentes e amigos.  São circunstâncias que me ligam afetivamente ao nome Jerônimo Coelho. Resolvi, por isso, há vários anos, intentar uma biografia dele, até por ser o lagunense mais ilustre. Também é uma homenagem que presto à minha terra.”

No Google encontra-se um resumo biográfico atual:

“Iniciou sua carreira aos 20 anos de idade, como secretário particular do governador Jorge Lacerda (1956-1958). Na sequência foi convidado a assumir a sub-chefe da Casa Civil do governo Heriberto Hulse (1959-1961), consultor jurídico e procurador fiscal do Estado, secretário de Estado do Interior e Justiça no governo Ivo Silveira, professor de direito civil no Centro de Ciências Jurídicas da UFSC, professor e diretor da Escola Superior da Magistratura de Santa Catarina, desembargador do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, membro do Conselho Estadual de Cultura, presidente da comissão que elaborou o ante-projeto da Constituição do Estado de Santa Catarina em 1967, e da Lei Orgânica dos Municípios de Santa Catarina.

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Concorreu pela União Democrática Nacional (UDN) a uma vaga na Câmara Municipal de Florianópolis, na 5º Legislatura (1963-1967), sendo eleito com 742 votos, o vereador mais votado na área central da capital. Em 1965, com a renúncia de Dakir Polidoro à presidência da Câmara Municipal, foi eleito por unanimidade para exercer a função, e reeleito em 1966. Foi a primeira vez na história da câmara que todos os partidos uniram-se para eleger um presidente. Em outubro de 1966, renunciou à presidência por ter sido nomeado secretário do Interior e Justiça.

Foi sócio fundador e presidente do conselho deliberativo da Associação Catarinense para Integração do Cego (ACIC), sócio fundador e vice-presidente do Lagoa Iate Club, membro efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina e titular cadeira 40 da Academia Catarinense de Letras, presidente da Sociedade Espírita Obreiros da Vida Eterna (SEOVE), entidade que mantém um asilo para idosos carentes em Florianópolis. Foi também membro de bancas examinadoras de concursos para docentes na UFSC e para juízes do Tribunal Regional Eleitoral e Tribunal Regional do Trabalho de Santa Catarina.

Durante os mais de 40 anos em que exerceu a profissão de professor de direito civil da Universidade Federal de Santa Catarina, foi sucessivamente homenageado pelas turmas formandas como nome de turma, patrono, paraninfo ou professor homenageado. Suas aulas eram proferidas sentado na cadeira, sem jamais fazer uso de qualquer recurso visual como retroprojetores ou data shows, sendo reconhecidas por grandes lições de vida e pelo dom da oratória

É autor de trabalhos sobre direito e história de Santa Catarina.

Foi homenageado pela Câmara Municipal de Florianópolis através do Projeto de Resolução nº 313/94, Resolução nº570/94, recebendo o título de cidadão honorário e, através do Projeto de Resolução nº 212/85, Resolução nº 228/85,a Medalha de Mérito do Município. Do governo do Estado recebeu a Medalha Anita Garibaldi, Medalha de Mérito Judiciário (concedida pelo Tribunal de Justiça de Santa Catarina), Medalha Castorina Lobo de S.Thiago (concedida pela Assembleia Legislativa do Estado), e Medalha do Mérito da Associação dos Magistrados Catarinenses.”

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