Confira entrevista exclusiva com o General Ricardo Miranda, comandante da 14ª Brigada de Infantaria:
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Qual o balanço da atuação do Exército em Santa Catarina na greve dos caminhoneiros?
A atuação do Exército foi pautada por um regime de cooperação com os órgãos de segurança pública, principalmente Polícia Rodoviária Federal e Polícia Militar, os que tiveram maior presença nas estradas. Nossa atuação foi decisiva para desatar o nó que se criou no movimento. As pautas reivindicatórias começaram a ficar muito difusas e surgiram denúncias de caminhoneiros coagidos. A partir desse momento, as forças federais e estaduais ofereceram garantia de fornecimento dos itens essenciais para o abastecimento da sociedade. O direito da maioria precisava ser preservado e houve entendimento da maior parte dos bloqueios.
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Onde foi necessário o uso da força?
O caso clássico se registrou em Imbituba. Aqui em Biguaçu também houve fortes resistências. Creio que podemos comemorar, pois saímos de uma crise que se agravou bastante sem lamentar a perda de vidas humanas.
A ação de radicais infiltrados ficou provada?
Sem dúvida! As imagens eram nítidas de caminhões apedrejados e uso da força até contra decisão judicial de desobstrução. A presença de grupos radicais infiltrados ficou evidente.
Que lições o senhor tira desta operação militar integrada?
A lição maior que fica é a da integração de todos os órgãos públicos. Quando os órgãos se propõem a solucionar a crise sem protagonismos, buscando efetivamente a solução, tudo flui mais rápido e mais fácil. O Centro de Gerenciamento da Defesa Civil é muito propício a esta integração. A variedade de organismos e de instituições mostrou o melhor caminho e o momento para tomar decisões graves.
E agora?
Agora temos que olhar para o futuro. O Brasil precisa caminhar e progredir. Não é dividindo a sociedade que chegaremos a um porto seguro. Dividindo não chegaremos a lugar nenhum. Só com união sobre um projeto de nação é que todos ganhem. Divididos, sempre um lado vai ganhar e outro vai perder. Isso não é bom para o país.
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Como o senhor e os comandados viram os apelos de intervenção militar?
Entendemos que a manifestação não é pela presença do Exército no poder. A sociedade está carente é de valores que nós pregamos nas Forças Armadas: ética, lealdade, disciplina, sentimento de Pátria. Esses valores é que estão faltando em nossa sociedade. A reivindicação é mais no sentido de resgatar esses valores do que efetivamente estabelecimento de um governo militar. Nossa sociedade precisa entender que a intervenção militar não tem respaldo jurídico e que o Exército trabalha dentro da legalidade. Nossa atuação será sempre pautada pela Constituição Federal e pelas leis do pais. Entendemos a ansiedade da sociedade. Enquanto não resgatarmos estes valores éticos e morais de honestidade, sentimento de brasilidade, não resolveremos os problemas do Brasil.