O Centro de Documentação e Pesquisas da Fundação Getúlio Vargas tem um relato detalhado sobre a biografia pessoal e política do ex-deputado Fernando Bastos, que faleceu nesta sexta-feira (26) em Florianópolis.
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Veja os dados:
“Fernando José Caldeira Bastos nasceu em Florianópolis no dia 3 de dezembro de 1932, filho de José Rocha Ferreira Bastos e de Maria de Lurdes Caldeira Bastos.
Bacharel em direito pela Universidade Federal de Santa Catarina em 1955, retornou à faculdade seis anos depois como professor.
Obteve seu primeiro mandato parlamentar em novembro de 1966, ao eleger-se deputado estadual na legenda da Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido de sustentação ao regime militar instaurado no país em abril de 1964. Assumiu sua cadeira na Assembleia Legislativa em fevereiro de 1967 e durante a legislatura foi sucessivamente vice-líder e líder da bancada, além de líder do governo. Reelegeu-se em novembro de 1970 e exerceu o segundo mandato até janeiro de 1975.
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Nesse mesmo ano, foi nomeado secretário do Trabalho e Promoção Social do governo de Antônio Carlos Konder Reis (1975-1979), cargo que ocupou até 1977. Em 1979, já no governo de Jorge Bornhausen (1979-1982), passou a secretário do Trabalho e Coordenação Política. Com o fim do bipartidarismo em novembro de 1979, e a consequente reformulação partidária, filiou-se ao Partido Democrático Social (PDS), que reuniu a maioria dos antigos arenistas. Em 1981 deixou a Secretaria do Trabalho pela presidência do Banco do Estado de Santa Catarina (BESC).
Nas eleições de novembro de 1982 candidatou-se a deputado federal. Segundo suplente, assumiu o mandato em março de 1983, no lugar do deputado Artenir Werner, nomeado secretário de Cultura, Esporte e Turismo pelo governador Esperidião Amin (1983-1987). Em 25 de abril de 1984, votou a favor da emenda Dante de Oliveira, que previa o restabelecimento de eleições diretas para presidente da República já na sucessão de João Figueiredo. Derrotada a proposição — faltaram 22 votos para que se atingisse o quórum mínimo exigido e o projeto fosse encaminhado à apreciação do Senado Federal —, manteve-se a eleição indireta. Em novembro, juntamente com outros sete correligionários, inclusive o senador catarinense Jorge Borhausen, viu-se ameaçado de expulsão do PDS por infidelidade partidária, em virtude da atuação em prol da Frente Liberal. Poucos dias antes de reunir-se o Colégio Eleitoral em 15 de janeiro de 1985, cedeu lugar a Werner, partidário do candidato oficial Paulo Maluf, que acabou sendo derrotado por Tancredo Neves, candidato da Aliança Democrática, formada pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e pela Frente Liberal. Tancredo, porém, não chegou a ser empossado na presidência, vindo a falecer em 21 de abril de 1985. Seu substituto em caráter efetivo foi o vice José Sarney, que exercia interinamente o cargo desde 15 de março.
Fernando Bastos voltou à Câmara em março de 1985, agora para ocupar a cadeira de Vílson Kleinübing, cujo suplente, Evaldo Amaral, fora efetivado no lugar do deputado Ademar Ghisi, nomeado ministro do Tribunal de Contas da União (TCU). Integrou a Comissão de Trabalho e Legislação Social como titular, e na condição de suplente, a de Relações Exteriores.
Candidato a deputado federal constituinte na legenda do PDS no pleito de novembro de 1986, não conseguiu eleger-se.
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Em 1989, ao final do governo de José Sarney (1985-1990), foi indicado para a presidência das Centrais Elétricas do Sul do Brasil (Eletrosul), empresa federal subsidiária das Centrais Elétricas Brasileiras (Eletrobrás), à frente da qual permaneceu até 1990. Depois, retirou-se da vida pública, ocupando-se de sua banca de advogado.
Casado com Marita de Carvalho Bastos, teve cinco filhos.